Dedico o resto da semana de leituras à nossa literatura, aos nossos autores de todas as gerações, novos e velhos, conceituados e ainda a dar os primeiros passos. Esta semana foi atípica porque, como se sabe, li um livro que deu margem para aproveitar o resto da semana para descobrir outras coisas.
Este é o primeiro romance da autoria da leiriense Lara Félix que o começou a escrever quando ainda andava no liceu com dezassete anos.
É um romance que aborda a identidade de género, a orientação sexual e as dúvidas que surgem quando chegamos à adolescência ou ainda antes disso. Mais uma vez volto a referir que a orientação sexual e a identidade de género não se constroem por pressão ou por moda. Ao contrário do que muitos defendem, os livros e a exposição das crianças a estas temáticas não contribui para que cada vez mais hajam homossexuais ou pessoas transgénero. O que este tipo de literatura e maior informação vai conseguir é que as crianças que se sentem diferentes possam pedir ajuda e saber o que fazer. Confiem em mim: a identidade sexual e a orientação surgem de muito cedo e há o medo de pedir ajuda de estar sujeito a julgamentos. As pessoas mais velhas vivem uma vida inteira sem coragem de agir ou de pedir ajuda. Há um vazio nas suas vidas, como diz o personagem deste livro.
Cada caso é um caso e é necessário dar o suporte necessário a estas pessoas que, volto a referir, não têm culpa de serem assim e não pediram para ser diferentes. É um pouco como a deficiência ou as características físicas. Também a identidade e orientação sexual é uma característica, não uma doença. Tem de se viver com ela e não há nada a fazer. Por mais que a pressão tenda a moldar os comportamentos e a esconder o que se é, isso ainda causa mais sofrimento.
O melhor é não julgar. É a pressão social que faz com que estas pessoas diferentes se sintam acossadas e infelizes. Cabe a todos nós aceitar com normalidade que cada um é o que é e como é.
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