Ora aí está um exemplo claro do que disse aquando do comentário da última minha leitura…
As religiões são feitas pelos homens e regidas por eles, com todas as suas fraquezas inerentes á condição humana, possuidora de corpo mortal. Quem são os homens para julgar os seus semelhantes, quando em alguma altura da sua vida fazem a mesma coisa ou pior? Costuma-se dizer com sabedoria que a carne é fraca.
Quando se fala de uma religião de homens, isto significa muitas vezes que a mulher sofre com todo o tipo de preconceitos e juízos de valor. Por isso eu dou cem por cento de razão a quem diz que a religião só serve para legitimar o poder dos mais fortes aos mais fracos e para fragmentar a Humanidade.
Moralista por natureza, nathaniel Hawthorne escreveu este romance algo complexo também e que demonstra a diferença entre o julgamento que se dá a um crime de adultério cometido por um homem e uma mulher. Esther é obrigada a portar a letra encarnada como símbolo da sua infidelidade, por melhor Ser Humano que seja, alguém sempre disponível para ajudar. Ainda hoje se costuma dizer (e a minha mãe, educada nesses preceitos cristãos é uma delas) “esta mulher é boa, gosta de ajudar mas…porta-se mal com os homens”. Uma mancha que fica gravada na reputação de um espírito do Bem. Não é por ter amantes ou uma relação mais fora do comum que a pessoa não vai para o Céu…
Agora vem a outra parte: com quem é que Esther traiu o marido? Foi com o padre, nada mais, nada menos. Arthur, que condenava os pecados dos outros, que era venerado, que para os seus não tinha mácula, era o responsável por Esther portar a letra encarnada ao peito, enquanto que ele continuava na sua vidinha. Ele sentia remorsos por ver Esther penar com a marca da sua desgraça. Nenhuma marca visível distinguia Arthur de outros homens. Que moral tinha este homem para pregar as virtudes?
Acho que já está tudo dito.
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