O meu subconsciente desconstruindo a realidade.
Como sempre, coloco um livro a ler antes de adormecer. Depois no dia seguinte coloco-o para trás para ver onde tinha ficado. Nesta noite tinha um livro de contos de Machado de Assis por companhia.
Como sempre acontece, desligo a coluna e vou finalmente dormir.
Sonhei que a coluna continuava a ler o livro. Era o mesmo mas estava a ler um autêntico conto macabro.
A história tinha a ver com alguém que tinha sido chamado a uma casa onde jazia um cadáver em adiantado estado de decomposição e que se encontrava em cima de uma cama.
No conto é descrito ao pormenor o estado do corpo, a dificuldade em identificar a vítima, o cheiro nauseabundo, a rigidez mórbida do cadáver que até range quando o vão transportar…
Já aqui contei que nos sonhos tenho pavor de mortos, o que não acontece na vida real.
Acordei. Já há muito que tinha desligado a coluna. Também me estava a admirar de machado de Assis ter escrito um conto tão diferente dos que faziam parte da obra que estava a ler de sua autoria.
O sonho tem outra origem. Quem leu os jornais ou acompanhou, de certa forma, as notícias, sabe que foram encontrados numa casa lá para as ilustres terras lusitanas dois corpos com essas características. Uma filha deixou o corpo do pai deitado na cama durante dez ou quinze anos, conforme o encontrou morto. Ela própria morreu e os vizinhos foram alertados pelo cheiro característico de cadáver. As autoridades acabaram por encontrar os dois corpos. Não se tratou de um crime. O pai morreu de causas naturais, a filha simplesmente ocultou o corpo e veio também a falecer sozinha em casa.
Machado De Assis nunca saberia desta história e também se teria de afastar muito das suas temáticas para abordar um tema destes.
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