Lídia Jorge traz-nos um livro de homenagem a sua mãe. O livro que a mãe da escritora lhe pediu para escrever.
Nesta obra a conceituada autora portuguesa traça-nos um retrato da realidade dos utentes nos lares de idosos portugueses, especialmente numa altura em que se viveu a pandemia e os mais velhos terão sido os que mais sofreram sem a presença dos familiares e com a incerteza de voltarem a ver os entes queridos.
Este livro centra-se nas reflexões de uma utente de um lar que vai registando o que sente. Uma história semelhante a milhares de outras do quotidiano dos lares de terceira idade portugueses. O sentimento de solidão, apesar de estar rodeada de gente, o retorno a uma condição em que a pessoa não é dona do seu destino, a decadência física e mental do corpo e do espírito, a perda, são assuntos abordados nesta obra.
Em suma, a constatação de fim, de se ter chegado a um ponto sem retorno marca as preocupações desta idosa.
Quando chega a pandemia e o confinamento, para os idosos, foi um período penoso. O sentimento de clausura e abandono aqui brilhantemente relatado nas páginas finais fez-se sentir. Ninguém sabia se ia ou não sobreviver para voltar a abraçar os seus familiares.
Hoje, sendo a covid19 uma doença praticamente endémica, ainda sentimos aquele arrepio face à incerteza e o terror instalados nos primeiros tempos da pandemia.
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