Fomos convidados para testar e dar a nossa opinião sobre o sistema de audiodescrição dos jogos do Porto em casa. Este recurso está disponível através do sistema de circuito interno de rádio do clube.
Juntamente com alguns amigos, fomos para um dos camarotes assistir confortavelmente ao jogo entre porto e Casa Pia. Com alguma nostalgia, ia recordando a mágica e memorável noite que tive quase há um ano. Uma noite que jamais vou esquecer e que recordo com emoção. A noite em que o meu craque, o Mehdi Taremi, apontou três golos frente ao Arouca e fez uma das melhores exibições desde que há memória.
Quando surgiu este convite, imediatamente fiquei radiante. As coisas não estão a correr bem este ano ao meu campeão. Quem sabe da bancada pudesse transmitir-lhe aquela energia e repetir aquela noite tão especial em que não acreditei que tudo aquilo estava a acontecer na realidade e não era mais um sonho.
Desta vez as coisas não lhe correram bem. No último lance do encontro, ele podia ter marcado e feito com que eu me voltasse a emocionar.
Quanto á audiodescrição, devo parabenizar o porto por esta iniciativa. O acesso á cultura e ao lazer é uma das nossas reivindicações e há que criar condições para isso. No ano passado eu não sabia que existia esta hipótese de assistir assim ao jogo com um relato pormenorizado dos lances.
Entre outras coisas, este relato indica-nos quantos jogadores estão numa barreira na cobrança de um livre e nomeia-os, coisa que não acontece num relato comum. Também alguns objetos dos jogadores são identificados. Por exemplo, pepe usa uma ligadura branca num dos pulsos e Jorge Sanchéz também usa uma ligadura branca num dos pulsos mas no braço contrário de pepe. Não me lembro agora quem usava a ligadura no braço direito ou no esquerdo. Zé Pedro era descrito como estando a usar umas botas amarelas fluorescentes.
Foram descritas aquelas bandeiras que entram antes das equipas. Cresci a ver essas bandeiras entrar em campo e só ontem descobri o que tinham. Foi curioso.
Dou nota bastante positiva a este serviço disponibilizado pelos dragões. Realço aqui um aspeto a melhorar mas não sei se é possível. Talvez aquando da constituição das equipas ou algo assim. Gostava que fossem descritos fisicamente os jogadores. Eu vi até 2019. ainda tive oportunidade de ver jogar alguns jogadores que estavam em campo. Ainda me lembro de como eram. Do lado do porto havia o pepe, o Diogo Costa, o Fábio Cardoso, o Eustáquio, o Galeno…Do lado do Casa Pia ainda me lembro do ricardo Batista, do Vasco Fernandes, do Fernando Varela, do Fernando andrade…os outros não conheço.
Há o caso especial do taremi que o ano passado tive oportunidade de perceber como era o cabelo dele e as feições por o ter conhecido. Os outros muitas vezes tive de pedir para descrever. Sobretudo para quem viu, digo eu que essa informação iria complementar a imagem que se tem do jogo. Não sei se para alguns dos meus amigos estes pormenores são importantes mas eu era uma ávida consumidora de Futebol e hoje, com tantos canais de televisão para ver jogos ao vivo que não tinha antes de 2019, ainda sinto aquela ponta de tristeza.
Destaco aqui um momento que me causou arrepios. Eu não sou adepta do Porto e, confesso, não simpatizo muito com o pepe. Ontem ele marcou o terceiro golo do Porto e foi substituído pouco depois. O Estádio do Dragão levantou-se em uníssono e gritou o nome do capitão dos azuis. Foi muito bonito e vivido dentro do Estádio acabou por ter outro impacto.
Esta é a crónica de mais uma experiência enriquecedora. Se precisarem de mim para ajudar a melhorar e a tornar o Futebol mais inclusivo para a deficiência visual, desde logo, demonstro aqui a minha disponibilidade. Adoro Futebol e fico admirada porque muitas vezes as pessoas não imaginam que os cidadãos portadores de deficiência visual vivem também o futebol com paixão e emoção. Eu sou disso exemplo.
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