Sonhei que se vivia um clima muito hostil. De repente
tínhamos voltado aos tempos do Estado Novo, da PIDE e dessas coisas que nos
limitam até a forma como pensamos.
Não podíamos conversar, não podíamos expressar as nossas
opiniões livremente e também não podíamos ler certo tipo de livros. Portugal
mergulhava num clima de terror e de medo. Tínhamos voltado a um tempo que eu
não vivi mas que ouço contar que era terrível. Por qualquer coisa, levavam as
pessoas presas e torturavam-nas. Normalmente era por expressarem a sua opinião
ou por pensarem simplesmente. Quem não pensava naquela altura andava pela rua
feliz da vida, que nada lhes acontecia. Os outros, os que liam, os que tinham
criatividade para escrever, pintar, criar melodias, eram perseguidos e presos.
Era esse tempo que vivíamos no meu sonho. Neste caso, era
perseguida pelos meus gostos literários. Consideravam-nos mais de vanguarda, de
esquerda. Para não ser apanhada, peguei num punhado de livros e meti pés ao
caminho, juntamente com um grupo de camaradas, e fomos por ali fora sem rumo.
Apanhámos um comboio para um lugar qualquer. Para bem longe.
Onde pudéssemos ler à vontade e pensar ainda com mais clareza. Levava um livro
que estava ainda em Inglês e que estava a tentar traduzir. Tratava-se de um livro
proibido aqui pelo Regime. Uma obra filosófica de mais para aqueles senhores.
Acordei a pensar nisto. A que propósito vem isto agora?
No comments:
Post a Comment