Não sei o que me deu hoje para me pôr a observar o
comportamento humano. Com tudo isto, chego à brilhante conclusão de que o Ser Humano
é o mais complexo dos animais que habitam o Universo.
Para começar, colocam-se aí uns cinquenta exemplares dessa espécie
que nunca antes se haviam conhecido ou encontrado. O resultado é devastador.
Cinco minutos depois, o barulho é insuportável. Tudo fala ao mesmo tempo. Mas de
que fala tal gente, se só se encontraram ali? A certa altura, é tal a vozearia
que para alguém se fazer ouvir tem de gritar mais alto…e mais alto…e mais alto
ainda. Estamos nas consultas externas dos Covões e não se conseguem ouvir os
números das senhas e a chamada é feita aos gritos pelas funcionárias que têm de
mandar calar, sem sucesso, aquela gente toda. Depois não ouvem. Gostaria de
saber quantas consultas se perderam à custa do barulho digno da feira da ladra
que se faz ali naquela sala.
Oficialmente sei que chegámos ao Verão porque o autocarro
está impregnado de uma mistura de odores, todos desagradáveis, de gente viva.
Esta gente sai de casa de manhã sem sequer passar água pelo corpo. Agora até
nem está frio! Eu já ia tonta com aquela amálgama de cheiros de gente que deve
ter saído à pressa de casa e teve o desplante de sair à rua naqueles propósitos.
Ainda no mesmo autocarro, seguia um casal de idosos que
queria a todo o custo que o condutor abrisse a porta para os deixar sair para
apanhar o outro autocarro que estava uns metros mais à frente parado. Perante a
recusa do condutor, logo o elemento masculino da dupla começou a rezar as suas
orações, isto é, a reclamar contra o motorista. Nem quando o outro autocarro arrancou
ele se calou, até se fez ouvir com maior exaspero.
Por falar em rua, ó minha senhora, que anda apoiada num pau.
Pode ficar parada a observar as flores que estão à venda na Baixa. Escusa é de
deixar o pau para trás. É que eu ia-me mesmo espalhando a sério por causa dessa
brincadeira.
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