Regressei aos HUC para a consulta de Glaucoma. Claro que os
nervos se apoderam de mim nestas ocasiões com a perspectiva de haver evolução
no estado da doença. Desta vez até vinha mais nervosa porque as coisas
ultimamente não têm sido fáceis. Tenho andado nervosa, tensa, com muitas
preocupações em cima e isso ressente-se num problema como este. Houve ali uma
semana ou duas em que tinha dores nos olhos mas agora já passaram mais.
Mesmo assim, estava algo apreensiva com a perspectiva de a
tensão ocular ter subido para valores muito elevados ou que os campos visuais
revelassem algo.
Naturalmente que tivemos de esperar pela consulta ainda
bastante tempo. A chuva caía lá fora, embora com menor intensidade do que a que
caiu quando estava no autocarro. Aí foi um autêntico temporal.
Para além de se falar do estado do tempo, nem as conversas
tinham lugar se não se falasse do temível -3. Para quem não sabe, o -3 é o piso
onde ninguém quer ir parar porque é lá que funciona a morgue. Contam-se muitas
histórias de gente que se enganou nos elevadores e foi lá parar, quase morrendo
de susto.
Pelos vistos agora também lá há consultas de Oftalmologia
mas as pessoas deparam-se ali com um ambiente digno de um filme de terror. Pelo
que descrevem, só falta mesmo a música a condizer. Os corredores são escuros, o
espaço é labiríntico e não se vê vivalma nas imediações. Devem haver por lá
mais mortos do que vivos.
Bem, verdade seja dita, as pessoas já fazem uma ideia
pré-concebida do espaço e depois tudo parece sombrio e tenebroso. Mesmo assim,
muitas histórias são contadas pela boca de cada um que tenha o azar de lá ter
consultas, pois os muitos mortos que passam por lá nada podem dizer.
Eu continuo na minha. Não tenho medo dos mortos.
Quanto á consulta, a tensão ocular estava mais alta do que
da última vez mas nada que seja preocupante.
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