Pois é, mais uma vez, não passámos à final do próximo
Sábado. Também tivemos azar com a semifinal que nos calhou. Arrisco-me a dizer que
algumas das canções que passaram hoje ficarão nas dez primeiras posições. Vou
mesmo mais longe e digo que o vencedor sairá daqui.
A nossa actuação até correu bem mas isso não chegou para
convencer o público dos outros países.
Como Portugal estava a participar nesta semifinal, hoje pude
votar e a minha escolha recaiu na Noruega. Eles passaram merecidamente. São
dois grandes cantores e cantam mesmo como um todo. O incrível disto é que
cantam juntos há pouquíssimo tempo.
Os duetos estão em força na edição deste ano do Festival
Eurovisão. Para além da Noruega que referi acima, também vieram duetos da
Lituânia, de San Marino, da República Checa e da Eslovénia. A canção da
Eslovénia é mesmo das mais fracas que passaram hoje. Foi uma surpresa.
Ali o nosso amigo do Azerbaijão passou sem surpresas. Ele,
que é repetente e por isso impõe respeito. Coloco aqui a participação dele
neste Festival e recupero também aquela que foi a primeira participação do
Azerbaijão em 2008 em que ele esteve presente em dueto com outro cantor.
Aparecia ali vestido de anjo a mostrar todas as imensas habilidades vocais que
possui. Foi azar mesmo Portugal estar na semifinal com ele.
Houve mais três actuações masculinas que me chamaram a atenção.
Começo pelo Montenegro. Trata-se de uma música cantada na língua materna e
também passou. Com esta uniformização das canções, perde-se um pouco a
identidade dos países mas esta música é uma excepção à regra. Trata-se de uma
canção tipicamente dos Balcãs. Para mim foi um transporte na máquina do tempo
rumo aos anos noventa.
A Suécia e Israel trouxeram duas actuações bem animadas.
Esta canção da Suécia é muito forte e pode ficar mesmo muito bem classificada.
Está simplesmente espectacular.
Destaco ainda uma canção que destoou claramente das outras e
que nos trouxe Chipre. Sem grandes aparatos, simplesmente uma balada. Mereceu passar
à final.
Por último, deixo aqui uma crítica àquele senhor que está
ali a fazer comentários, por vezes da forma menos correcta, como foi este o
caso. O senhor Ramon Galarza deve-se cingir unicamente aos comentários sobre a
forma como os artistas cantam, como estiveram tecnicamente. Já opinar sobre a
indumentária, é melhor deixar isso para o público. Fazer outro tipo de
comentários sobre a participação da cantora polaca no Festival, mesmo que pense
tais coisas, o que é mau já por si, dizer essas coisas em voz alta e para
milhões de pessoas é extremamente infeliz e pode ferir susceptibilidades.
Todas as pessoas devem participar neste evento, contando que
tenham jeito para cantar, é claro. Não é por se estar numa cadeira de rodas que
não se deve participar. Eu não sei o que é que motivou a deficiência desta
cantora em particular mas há que dizer que as pessoas que têm pensamentos
destes devem reflectir na vida e pensar que hoje estão nas suas plenas
faculdades mas amanhã pode suceder um acidente ou uma doença que lhes pode
roubar a normalidade das suas vidas. Ai vão parar e pensar que a vida é cruel,
que tirou em vez de dar, que de repente o Mundo se fechou. Que as oportunidades
que dantes abundavam deixaram de existir. E pensam nas ideias completamente retrógradas
e preconceituosas que tinham no passado e sentem na pele o que tais pensamentos
podem fazer pelas suas vidas.
Estive na Polónia em 2001 num evento desportivo. Dois anos
antes, o mesmo evento desportivo tinha decorrido aqui na cidade de Lisboa. Devo
dizer que na Polónia, terra desta Monika que representou o seu País no Festival
Eurovisão e passou à final, não há cidadãos deficientes, não há atletas
deficientes, não há cantores deficientes. Há simplesmente pessoas, cidadãos que
usufruem do direito de o ser sem serem julgados. Aqui em Lisboa, as bancadas
estavam preenchidas com os atletas dos diferentes países, eventualmente com
familiares dos mesmos e pouco mais. E na Polónia? Na Polónia o nosso evento
decorreu numa cidade pequena, não foi na capital. Para além dos atletas das
diferentes delegações, as bancadas estavam repletas de público anónimo. Quando
corriam os atletas da casa, as bancadas coloriam-se com as cores vermelha e
branca. A Polónia venceu uma prova de estafetas. As pessoas invadiram a pista
para os felicitar. Eram mesmo uns heróis. Infelizmente aqui nada disso
acontece. É triste.
Também é triste saber que, possivelmente, a participação de
um cantor português portador de deficiência no Festival Eurovisão será pouco
provável. Tenho amigos que cantam extremamente bem. Um deles, o Ricardo,
participou no Festival Da Canção 2010. Foi mesmo a excepção.
Sem Portugal na final, Sábado veremos quem vai ganhar. Há aqui
canções muito fortes.
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