Monday, February 01, 2016

Guerra





Bem, estou sem palavras. Esta é nova! Nunca na vida sonhei que vivia na Segunda Guerra Mundial. Já tenho lido alguns livros cuja acção se passa nessa época. Seria mais normal sonhar com isto nessas ocasiões. Por acaso nem estou a ler nada relacionado com esse assunto, daí ser completamente estranho e descabido este sonho. Estranho e descabido é o melhor que posso arranjar para o descrever. Outra forma é tentar narrá-lo.

Eu não sei dizer ao certo como tudo começou. Lembro-me de assistir pela televisão ao bombardeamento de um local em plena madrugada. Só que, ao mesmo tempo que estavam a passar essas imagens na televisão, elas passavam em tempo real…na rua. Éramos nós que estávamos em guerra…com os Alemães. Bem, para dizer a verdade, até estamos mas é por causa do orçamento de Estado. Não estamos propriamente a sofrer bombardeamentos com armas.

Tal como acontecia na Segunda Guerra Mundial, havia os comboios carregados de pessoas que não eram da raça pura. Bem, corria o boato de que esses comboios cheios de prisioneiros erram arremessados com pessoas e bombas para as cidades que se queriam atacar.

Eu embarquei à força num desses comboios e fiquei algo desesperada. Eu que era para ter com os meus amigos…a Benavente com um desenho que tinha feito e tudo. Eles estavam-se a divertir e eu fui capturada por um bando de lunáticos. O comboio era igual a tantos outros, ao primeiro contacto. Depois fechava completamente e ficava tão escuro como se estivéssemos dentro de um submarino, imagine-se.

Lá dentro éramos humilhados e torturados. A única comida que nos davam eram…pintarolas ou smarties. Sabem quem era um dos nossos captores? Bruno De Carvalho. Era ele e um outro que tinha cara de não se alimentar do ar e andava todo engravatado. A barriga nem cabia no compartimento. Eu torturava-o a ele.

Chegámos a um sítio onde não se via nem uma casa. Sei isso porque o comboio abriu. Não ficámos aliviados, bem pelo contrário. Se o comboio abria, era porque nos iam matar a todos ou usar-nos como escudos humanos. O homem forte, rechonchudo e corado a quem eu tinha apertado a gravata de forma a ele largar o farto repasto que tinha comido, deixou-me sair a mim e a uma outra rapariga chamada Patrícia. Não ficámos aliviadas. Ali não se via ninguém, só um longo trilho de terra movediça que parecia não ter fim. Bem, sempre podíamos arriscar percorrê-lo. A algum lado ia dar.

Agora sai a pergunta para queijinho: quem de nós duas seguia na frente? Quem respondeu que era a minha companheira acertou e é sinal que acompanha todas as minhas peripécias oníricas. Nos sonhos, eu tenho sempre de me esforçar para não perder quem quer que seja que me acompanhe. Quando eu estou prestes a alcançar as pessoas, eis que elas se afastam milagrosamente. Ali estava invariavelmente a acontecer a mesma coisa. Ficar para trás podia significar risco de vida. Sabia-o bem.

Passou por nós mais um comboio daqueles. Eu escondi-me mas vi que ele tinha apenas uma carruagem. Apressei o passo na medida do possível. O caminho escorregava debaixo dos pés. A minha colega já lá ia muito à frente e não a queria perder.

Depois ainda sonhei que me narravam as tropelias de um morto que tinha a particularidade de…abrir os olhos.

Acordei incrédula. Como foi possível este sonho?

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