Bem, hoje vou fazer algo diferente. Normalmente coloco aqui
uma música e conto uma história, narro um momento em que essa música esteve
presente na minha vida ou foi associada a algo que aconteceu no Mundo. Hoje não
trago apenas um momento, trago dois. Sim, esta música da qual sempre gostei,
mesmo quando detestava música mais calma quando era mais jovem, permite que
recorde dois momentos da minha vida bem afastados no tempo.
Assim de cor e sem consultar o Google, coloco esta música em
1985 ou 1986. Penso que não é de anos anteriores. Estávamos nesse Verão desse
ano. Havia uma senhora que morava perto de minha casa numa casa grande que hoje
é habitada por outras pessoas. Houve uma vez que ela nos deu um saco com
roupas. Lembro-me que também deu ao meu vizinho, por acaso uns fatos de treino
que eu depois fiquei com os casacos quando já não lhe serviam. Nesse saco que a
senhora nos deu havia dois pares de calções e duas t-shirts. A minha irmã ficou
com os calções laranja, feitos de um tecido grosso como o dos pijamas e com a
camisola branca. Eu fiquei com os calções brancos e com a camisola azul escura.
Talvez essa divisão se tivesse feito por os calções brancos e a camisola azul
serem ligeiramente maiores e eu ser ligeiramente mais alta que a minha irmã.
Uma vez na escola tínhamos visto umas gravuras dos homens
primitivos e eles usavam umas tangas laranja. Então eu associei os calções
laranja aos homens primitivos e associei-os também … a esta música que passava
muito na altura.
Fomos para a praia da Barra uma bela tarde. Para o Paredão,
para ser mais precisa. Havia uma senhora em Aveiro que era muito rica e tinha
uma enorme casa com tudo o que era bom. Infelizmente essa senhora faleceu há
coisa de uns dois anos. Quando íamos a Aveiro para as consultas íamos lá a casa
sempre. Lembro-me que dessa vez dormimos a sesta na varanda dela ou algo assim.
Depois fomos então para o Paredão enquanto não apanhávamos a camioneta ao final
da tarde.
A minha irmã sempre gostou imenso de ir para o Paredão da
Barra. Em casa da madrinha Júlia, como chamávamos à senhora de Aveiro que
frequentava muito a nossa casa quando éramos pequenas, vestimos os nosso trajes
de ir para a praia e que acima referi. Era já o final da tarde e nós
banhávamo-nos avidamente naquela espécie de lagoa. Aqueles calções laranja
depois de molhados pesavam imenso. Houve uma vez em que eu os vesti e fui para
Mira ou para a Costa Nova com eles vestidos mas também me lembro que alguém me
deu uns calções muito semelhantes a esses laranja mas tinham riscas de várias
cores. Esses sim, eram meus e eu lembro-me de também ter ido para a praia com
eles numa ocasião. Esses ainda pesavam mais depois de molhados. Lembro-me bem
disso.
Passemos agora para Fevereiro de 2012. E inverno e faz um
frio de rachar. Estreio-me nestas andanças das caminhadas em Castelo Viegas.
Lembro-me de os trilhos de terra batida estarem cheios de gelo. Há post nestemeu blog desta caminhada.
Estas caminhadas em Castelo Viegas repetem-se todos os anos.
Este ano até houve duas mas não fui a uma por me encontrar doente. Normalmente
começamos e acabamos essas caminhadas junto às instalações de uma colectividade
associativa. Enquanto caminhamos, eles preparam os nossos almoços à base da
sopa tradicional e preparam também a animação musical para depois darmos um
pezinho de dança. Antes dessa primeira caminhada em que eu participei, tocava
incrivelmente esta música. Uma maneira de esquecer o frio!
Nesta noite amena, volto a ouvi-la. É uma daquelas músicas
que me transmite uma sensação de aconchego, de calor, de segurança.
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