Já todos devem saber aqui, os mais atentos, que não há nada
melhor para me distrair do que a minha própria mente que por vezes me leva a
recantos esquecidos, absurdos e inimagináveis.
Desta vez elaborava eu a agenda para o mês de Abril e, a
certa altura, troquei os números. Em vez de 23, coloquei 32. Imediatamente a
minha mente começou a trabalhar a duzentos à hora e foi buscar um episódio
muito longínquo da minha infância.
Naquele tempo estava constantemente doente e não ia à
escola. Também para quê? Certa tarde, achando-me eu com cinco reis de saúde,
resolvi ir brincar. Sempre gostei de brincar mais sozinha do que em grupo.
Sozinha conseguia criar cenários e conseguia dar vida a objectos inanimados. A
minha imaginação não tinha limites. Ainda hoje é assim.
Nessa tarde eu criei diálogo ente as minhas bonecas e, a
certa altura, imaginava um encontro que se tinha de marcar para…o dia 32. Tinha
aí uns seis anos de idade, não tinha mais que isso. A minha avó estava a ouvir
deliciada, também porque eu vinha de uma fase complicada em termos de saúde e
ela, naturalmente, estava feliz ao ver-me brincar com tamanha animação e
alegria. Foi dizendo:
-“Olha que não há dia 32!”
Ontem, pelos vistos, já estava a arranjar um mês com 32
dias. Por acaso Abril só tem trinta dias.
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