Friday, August 09, 2024

“O Dilúvio” (impressões pessoais)

 

Estávamos em 1968 quando Patrícia Joyce escreveu este poema baseado numa catástrofe  natural que atingiu Portugal em 1967.

 

Eu já tinha ouvido por alto falar do caráter destrutivo destas cheias. Os seus estragos e presumíveis vítimas foram abafados pela censura que vigorava durante o Estado Novo. Enfim, nem a Natureza irada bulia com o país de Salazar…

 

Por isso mesmo não se sabe o valor estimado dos prejuízos e o número de vítimas.

 

Este poema é quase um texto de suspense. A autora consegue transcrever aqui a preocupação e a azáfama das pessoas para tentarem salvar os seus haveres e se salvarem a elas próprias. Há uma sensação de impotência dada a extrema voracidade das cheias. As pessoas vão de noite com lanternas e candeias, rezando com medo de irem também na enxurrada.

 

Quando a chuva acalma, as pessoas apercebem-se que a destruição afinal não foi tão violenta como se temia.

 

Grande texto! De uma tragédia conseguiu-se criar aqui uma epopeia, um poema com muita ação.

 

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