Valham-me estes sonhos bem estapafúrdios para me distrair um pouco antes de mais uma consulta de Glaucoma.
Sonhei que uma colega minha afinal tinha sido transferida para Coimbra e espalhava ali o seu charme organizando uma multidão de colegas para os exames médicos. É que aquilo parecia mesmo a tropa.
Eu já havia feito exames de manhã, não sei o que estava lá a fazer por volta do meio-dia. Estava se calhar a ver os outros passar pelo mesmo. Ninguém conhecia essa minha colega a não ser eu. Ela continuava a gritar ordens, com um casaco azul e amarelo vestido.
Deitados numas marquesas em trajes menores, os colaboradores aguardavam pelos exames mas tinham de ser preparados previamente pela minha colega, cujo espírito de liderança e o modo autoritário desconhecia. Era só ela virar costas para uma das muitas incursões ao exterior da sala para ir buscar alguma coisa, que logo toda a gente se punha a cochichar, mostrando o seu desagrado por estar ali naquelas figuras. Ela entrava e toda a gente se calava.
Desta vez ela trazia pincéis desses de passar verniz nas portas com uma mistela qualquer para meter na boca de cada um de nós. Era da maneira que toda a gente ficava calada, até porque metade dos pêlos do pincel ficavam na nossa boca e, por mais que os cuspíssemos, sempre havia a sensação de ainda ficar algum.
Houve uma colega que saiu para ir à casa de banho, alegando que estava naqueles dias difíceis. Ela envergava um biquíni estampado e regressou depois de ter colocado um penso higiénico, a julgar pelo barulho que se ouvia de cada vez que ela se virava para poder tagarelar um pouco e enterrar a do casaco amarelo e azul que entrava na sala depois de ter saído pela enésima vez.
Aqueles colegas (muitos desconhecidos e muitos colegas de escola ou de curso) iam-me perguntando de onde tinha vindo tal personagem. Eu expliquei-lhes. Antevia-se uma existência difícil para as duas partes mas isso ficaria para outras núpcias. O despertador estava a tocar.
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