Presume-se que
quando vamos dormir seja mesmo para descansar, não para nos
preocuparmos com coisas que na realidade nem existem...mas que, ao as
vivenciarmos nos sonhos, elas nos parecem tão reais que nos tiram do
sério e nos fazem acordar de manhã com a cabeça completamente
moída. Foi o que me aconteceu esta noite.
Tudo começa quando
alguém que na realidade não existe nos convida para uma requintada
festa de um tal Nelson que se presume que foi nosso colega...mas que
não víamos há anos. Se não nos víamos há anos, por que raio
convidou ele toda a gente. Estava tão bem em casa!
A festa teria lugar
num Sábado à noite. Alguém nos iria buscar a casa para estarmos
presentes. Pois. Pelos vistos, nem o facto de não termos transporte
foi entrave a que eu e a minha irmã fossemos convidadas mesmo assim.
Faziam mesmo questão que estivéssemos presentes. Eu fazia questão
de não estar. Não me apetecia mesmo nada sair.
Toda aquela tarde
foi passada com cara de poucos amigos. Parece que tinha de ir toda
fina lá para a festa. Depois algo me preocupava. Iria muita gente e
seria uma confusão.
Chegou a hora de me
arranjar e, não sei bem como, os meus óculos caíram ao chão.
Quando os apanhei, constatei com horror que estavam partidos. E
agora? Como iria eu trabalhar? O que iria dizer? Parecia mesmo que
estava a viver aquele momento como se fosse real. Estava mesmo
angustiada. O que iria fazer na segunda-feira quando chegasse ao
trabalho? Lembrei-me de um colega meu que perdeu os óculos no
autocarro e teve de meter baixa do trabalho porque não conseguia
andar na rua sem eles.
Chegou a
segunda-feira. Não sei o que se passou na festa. Se calhar até nem
fui por causa da tristeza dos óculos partidos que danifiquei
justamente quando me estava a arranjar para esse famigerado evento.
Era segunda-feira
agora e eu corria atrás do autocarro numa rua completamente
desconhecida. Lá o consegui apanhar mas, quando procurava moedas
para pagar o bilhete, só me apareciam pedaços dos meus óculos
partidos, voltando-me a recordar que tinha um problema em mãos.
Estava a recolher
pedaços de vidro minúsculos nas minhas mãos com ar abatido quando
fui salva pelo despertador. Terá sido um dos dias em que me soube
bem ouvi-lo.
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