Falava-se de aulas
de Educação Física na rubrica “Macaquinhos No Sótão” de
Susana Romana. Eu também não gostava das aulas de Educação
Física, especialmente no sexto ano em que tinha um professor que
tinha a fama de bater nos alunos e de os atirar para a piscina. Foi
épica a perseguição que fez a uma aluna que fugiu da aula até
casa. Também eram famosas as tardes em que o pavilhão estremecia
com os seus berros.
Mas eu gostava de
correr. Não gostava de fazer ginástica naqueles aparelhos. A correr
sempre fui melhorzita e lembro-me de inúmeras vezes em que dava
voltas à escola. O episódio que eu vou contar relata um dia de
Novembro. Era quinta-feira de manhã e a minha turma corria no campo.
Por acaso até fiz a aula muito bem, atendendo ao que vou contar a
seguir. Ainda hoje não me consigo lembrar por que me senti tão mal
de repente. Sei que envergava uma t-shirt branca e, apesar de ser
inverno, estava calor e eu estava a fazer a aula com uns calções
azuis.
Depois da aula, era
hora de almoço e, só o cheiro da comida me fazia sentir mal. Do
almoço constavam uns bifes enormes assados ou estufados. Um
funcionário comentou que eram bifes de bois de África. Eu é que
não consegui comer nada. Sentia-me febril de repente. O estranho é
que estava bem de manhã quando cheguei à escola. Até fiz a aula de
Educação Física na boa.
Lembro-me que as
duas últimas horas da tarde eram dedicadas às aulas de Português.
A nossa professora era brasileira e chamava-se Laura. Mais tarde,
essas duas horas foram ocupadas com a leitura de livros. Foi aí que
tive contacto com os livros da coleção “Uma Aventura”. Nessa
tarde decorria uma aula normal. Bem, para mim não era normal pois
mergulhei num estranho torpor a que a febre que subiu repentinamente
me vergou. Eu nem sabia por que tinha febre. A certa altura,
desliguei mesmo.
Mesmo doente, tinha
o hábito de ligar o rádio. Como sempre havia discos pedidos.
Lembro-me de me ter enfiado na cama e de ter enfiado muita roupa. Não
aguentava o frio. Não sabia o que se passava comigo. A certa altura,
alguém pediu esta música. Foi aí que acordei momentaneamente do
torpor febril em que me encontrava. Consegui erguer a cabeça e
escutar. Apesar de não ser a primeira vez que a ouvia, naquela
altura e naquelas condições, pareceu-me a mais maravilhosa das
melodias. Dino Meira ainda era vivo nessa altura. Estávamos em
finais de 1989.
No dia seguinte,
acordei fresca que nem uma alface. Estranhamente não exibia marcas
do dia anterior. Será que sonhei?
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