Tuesday, March 07, 2017

“Não Há Como O Primeiro Amor” (Música Com Memórias)


Falava-se de aulas de Educação Física na rubrica “Macaquinhos No Sótão” de Susana Romana. Eu também não gostava das aulas de Educação Física, especialmente no sexto ano em que tinha um professor que tinha a fama de bater nos alunos e de os atirar para a piscina. Foi épica a perseguição que fez a uma aluna que fugiu da aula até casa. Também eram famosas as tardes em que o pavilhão estremecia com os seus berros.

Mas eu gostava de correr. Não gostava de fazer ginástica naqueles aparelhos. A correr sempre fui melhorzita e lembro-me de inúmeras vezes em que dava voltas à escola. O episódio que eu vou contar relata um dia de Novembro. Era quinta-feira de manhã e a minha turma corria no campo. Por acaso até fiz a aula muito bem, atendendo ao que vou contar a seguir. Ainda hoje não me consigo lembrar por que me senti tão mal de repente. Sei que envergava uma t-shirt branca e, apesar de ser inverno, estava calor e eu estava a fazer a aula com uns calções azuis.

Depois da aula, era hora de almoço e, só o cheiro da comida me fazia sentir mal. Do almoço constavam uns bifes enormes assados ou estufados. Um funcionário comentou que eram bifes de bois de África. Eu é que não consegui comer nada. Sentia-me febril de repente. O estranho é que estava bem de manhã quando cheguei à escola. Até fiz a aula de Educação Física na boa.

Lembro-me que as duas últimas horas da tarde eram dedicadas às aulas de Português. A nossa professora era brasileira e chamava-se Laura. Mais tarde, essas duas horas foram ocupadas com a leitura de livros. Foi aí que tive contacto com os livros da coleção “Uma Aventura”. Nessa tarde decorria uma aula normal. Bem, para mim não era normal pois mergulhei num estranho torpor a que a febre que subiu repentinamente me vergou. Eu nem sabia por que tinha febre. A certa altura, desliguei mesmo.

Mesmo doente, tinha o hábito de ligar o rádio. Como sempre havia discos pedidos. Lembro-me de me ter enfiado na cama e de ter enfiado muita roupa. Não aguentava o frio. Não sabia o que se passava comigo. A certa altura, alguém pediu esta música. Foi aí que acordei momentaneamente do torpor febril em que me encontrava. Consegui erguer a cabeça e escutar. Apesar de não ser a primeira vez que a ouvia, naquela altura e naquelas condições, pareceu-me a mais maravilhosa das melodias. Dino Meira ainda era vivo nessa altura. Estávamos em finais de 1989.



No dia seguinte, acordei fresca que nem uma alface. Estranhamente não exibia marcas do dia anterior. Será que sonhei?

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