Já aqui referi que
o Futebol está mesmo louco em matéria de haver pouca tolerância
para o fracasso nos comandos técnicos das equipas. O cúmulo dessa
dependência cega de resultados foi o despedimento de Claudio Ranieri
do comando técnico do Leicester depois do que ele conseguiu.
Aqui por Portugal,
ao longo desta época, tem-se vindo a assistir a uma sucessão nunca
antes vista de mudanças de treinadores na Primeira Liga, o que nos
faz pensar que o trabalho de treinador é muito ingrato e muito
desgastante, com a pressão constante a pairar sobre as suas cabeças.
Mas afinal o que se
anda a passar por aqui e também pelo Mundo fora? Simples. Cada vez
mais estamos dependentes de resultados. Sem eles não há lucro nesta
indústria em que o Futebol se tornou. Sem ganhar não há
patrocinadores, sem patrocinadores não há combatividade e sem
combatividade...não há resultados.
Mas afinal por que
razão o treinador é o primeiro a sair quando as coisas correm mal?
Mesmo que tenha operado o milagre anteriormente de ter sido campeão
nacional com um orçamento e um plantel que nada tinham a ver com os
valores da concorrência? Em primeiro lugar, só se olha para a
frente. O que está para trás pouco importa, pois não é isso que
agora poderá gerar o lucro, quer na potenciação de jogadores para
futuras vendas, quer para as receitas de assitências no estádio e
de transmissões televisivas.
Para além disso,
pode-se mudar de treinador em qualquer altura. Já de jogadores não
é bem assim. Existem as janelas de trasnferências. É isto que
deixa a classe de treinadores muito vulnerável, no meu entender. A
solução talvez esteja em regulamentar também as entradas e saídas
de treinadores. Provavelmente tal ideia não reuniria muitos
simpatizantes mas os treinadores estariam muito mais resguardados nos
seus interesses.
Em alguns países
tentam-se criar regras como impedir que um treinador que saiu de uma
equipa venha a treinar outra do mesmo campeonato mas pouco mais se
faz. Da maneira como as coisas estão por este Mundo fora, um
treinador que tenha o azar de não ter os jogadores do lado dele,
pode ser vítima dessa antipatia. Basta os jogadores se andarem a
arrastar em campo e não darem ouvidos ao que ele diz. Sabendo da
facilidade que os dirigentes têm em despedir o treinador, é
apelativo um plantel inteiro, seja em que pare do Mundo for, tentar
que o mister seja despedido. E não bastam muitos jogos sem ganhar…
As mudanças, a
haver algumas, terão de vir de cima. Regulamentar as chicotadas
psicológicas será a solução. Ou criando cláusulas de rescisão
mais altas (os treinadores podem exigir isso, basta quererem) ou,
como disse atrás, criar uma espécie de mercado de transferências
para treinadores que, na minha opinião, deverá coincidir também
com o mercado de jogadores para que o treinador novo possa dispor dos
meios para moldar o plantel que encontrou às suas ideias de jogo.
Estes treinadores, sempre a entrar e a sair dos nossos clubes,
deparam-se com os jogadores que lá encontraram. Pouco ou nada
poderão fazer em muitos casos.
Milagre fez Claudio
Ranieri e foi despedido. Proeza foi o Moreirense de Augusto Inácio
vencer a Taça da Liga com Benfica e Braga pela frente. Também ele
conheceu a porta de saída.
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