Já não é a
primeira vez que sonho com a vinda de gente famosa do mundo da música
à humilde festa anual da minha aldeia. Agora sonho que era já a
segunda vez que Marco Paulo abrilhantava o programa de festas.
Atenção! Não é a segunda vez que sonho com um concerto de Marco
Paulo na minha terra, sonhei que era a segunda vez que ele lá ia. Da
primeira, rezam as crónicas que ele não conseguiu cantar por razões
técnicas e ficou pelo bar a confraternizar com o povo.
Escusado será dizer
que se tratava de um acontecimento. Muita gente se dirigia à modesta
capela para ver aquele que é considerado por muitos um dos melhores
cantores portugueses. Pela minha parte, escolhia roupa para levar ao
evento (por esta altura já devem saber que quando eu me ponho a
escolher roupa para ir ao arraial, normalmente dá mau resultado-
escrevendo isto já me estou a rir, é mais forte do que eu). Desta
vez resolvi ir por meios menos convencionais, já que não fui bem
sucedida na busca de roupa.
Resolvi aparecer por
lá sem que ninguém me visse. Usando a projeção astral, levantei
voo da eira e percorri as familiares ruas do lugar pairando sobre as
casas. Chegando às imediações da capela, resolvi ficar por ali a
ver o ambiente. Marco Paulo já ali se encontrava e confraternizava
amavelmente com quem ali estava, independentemente de ser da terra ou
ter vindo de fora. Foi aí que descobri que da outra vez não houve
concerto por razões técnicas. Tinha faltado a luz.
Afinal, Marco Paulo
tinha-me visto, apesar de aparentemente eu estar invisível para que
as pessoas não vissem que ainda estava de pijama e roupão. Veio ter
comigo e beijou-me. Pude sentir o seu perfume.
Fiquei por ali até
à uma da madrugada, regressando a casa usando os mesmos meios que me
levaram até lá.
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