Falava-se de coisas
em que acreditávamos quando éramos crianças e, não sei como,
veio-me à memória este episódio, tão enterrado que estava no
fundo do meu longo amontoado de memórias.
A história conta-se
em poucas linhas. Certo dia, eu, a minha irmã e o meu vizinho
estávamos no barracão de casa dele. Era uma espécie de divisão
onde se amontoavam coisas velhas. Lembro-me que ali sempre encontrava
daquelas fotonovelas a preto e branco. Já não existe nada disso
hoje. Eu passava o tempo a imaginar as cenas que se passavam naquelas
páginas.
Nesse dia,
apareceram por lá umas sapatilhas muito velhas e muito sujas que
outrora haviam sido do meu vizinho. Ele perguntou se eu as queria. Eu
peguei nelas muito admirada. Da última vez que tinha visto essas
sapatilhas...elas eram enormes. Agora estavam do tamanho das que eu
trazia calçadas. Naquela altura não depreendi que tinha sido eu que
tinha crescido. Com o ar mais inocente desse mundo perguntei como é
que as sapatilhas tinham diminuído de tamanho até me servirem.
Ao recordar esta
pequena história da qual já nãop me lembrava, não pude deixar de
sorrir.
P.S.: Agora
lembrei-me também de um casaco que era do meu vizinho mas que eu
adorava vestir. Uma vez caí das escadas de casa da minha vizinha com
ele vestido. Na altura dava-me pelos joelhos. Ironia do destino, anos
mais tarde, andava eu na escola primária, a minha vizinha achou esse
casaco, lavou-o e deu-mo. Acabou os seus dias na minha mão. Eu
sempre o levava para a escola e dava imenso jeito quando estava a
chover.
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