Este é um sonho
recorrente que tenho. Elevadores completamente desgovernados que não
param no andar para onde queremos ir. Perdi a conta a estes episódios
também. Bem, enquanto eu sonho com elevadores que sobem ou descem
demais, na realidade, como tive oportunidade de aqui narrar esta
semana, há prédios com o elevador avariado em que eu vou pelas
escadas e as desço até mais degraus não haver para baixo. Se os
houvesse, a esta hora ainda os estaria a descer rumo provavelmente ao
centro da Terra. Quarta-feira há mais!
Como foi a festa de
Carnaval da ACAPO, tive de colorir este meu sonho com alguém que ali
estava- Anabela.
Então vamos narrar
isto que foi sonhado em dois atos. Acordei pelo meio mas voltei a
adormecer e a apanhar o sonho de onde ficou.
Tinha ido a uma
consulta e apanhei o elevador. Carregando no botão para ele
subir...ele começou a descer de forma rápida, vertiginosa e
incontrolável. Foi abrir num corredor que até tinha bastante
luminosidade mas, numa das portas, conseguir ler a palavra MORGUE.
Assustei-me. Nos sonhos tenho medo dos mortos- coisa que não
acontece na realidade. Se algo assim me acontecesse na realidade (já
tenho ouvido relatos de pessoas que apanharam o elevador errado para
la quando iam a consultas ou visitar familiares) penso que não me
assustaria. Dizem que sentem um cheiro muito peculiar mas, digo eu,
deve ser psicológico. Volto a referir que nunca lá estive mas sei
que há gente que até lá tem consultas de Oftalmologia. Aí, no
corredor há mais possibilidade de se enganarem.
Acordo quando corro
desenfreadamente de volta para o interior do elevador.
Como referi, isto
ainda não acabou. Se fosse um sonho bom, não era retomado. É
sempre assim. A porta do elevador abriu. Estava fechada. De lá de
dentro saiu alguém que eu conheço- Anabela, a funcionária da
ACAPO. Empurrava uma maca com roupas hospitalares daquelas que são
usadas nos cuidados intensivos. Na maca estava um corpo de alguém
indeterminado. Tinha apenas uma mão de fora e parte da cara. Eu
desviei o olhar. Admirei-me de ela estar a fazer aquilo com
normalidade...e até com um rasgado sorriso na cara.
Trocámos breves
palavras. Assim que ela saiu, eu entrei no elevador ainda com receio.
Aquele ambiente antisséptico comprimia-me um pouco. Carreguei no
botão do elevador cinzento para subir...mas o elevador quase
levantou voo como se fosse um foguetão da NASA. Foi parar a outro
local que não era certamente para onde eu queria ir.
Acordei com um ar
esgotado. Ainda por cima, iria para Tentúgal fazer caminhada.
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