Na rádio advertem:
“são desaconselhadas quaisquer atividades relacionadas com o Mar
”. Eu, que já andava com a pulga atrás da orelha e com a minha
raiva nos píncaros (esta vida é mesmo dura) resolvi fazer mesmo
alguma coisa relacionada com o Mar. sou do contra, o que e que se
há-de fazer.
Sei o que queriam
dizer mas, da forma como o disseram, dava a entender que nem sequer
se deveria pensar no Mar, quanto mais escrever. Se calhar, apenas e
só mencionar tal palavra, iria desencadear um fenómeno nunca antes
visto por aqui. Daqueles que seriam lembrados daqui a quinhentos
anos.
Apetece-me escrever
sobre o Mar. E depois? Dizem que para acalmar o stress, se deve ir
para o pé do Mar. Não se podendo ir para lá, há que pensar numa
alternativa.
Com a fúria com que
estou, o Mar revolto de hoje perto de mim é um inofensivo lago. Acho
que eu é que iria enfurecer o Mar com a minha presença. Iria
provocar nele uma raiva tal, que metade de Portugal não resistiria
ao seu poder devastador.
E dão os entendidos
o nome de Doris a esta tempestade. Se lhe dessem o meu nome, o
terramoto de Lisboa e as suas lembranças seriam substituídas pela
devastação da tarde de hoje.
Se daqui um bocado
se queixarem que o Mar fez estragos, foi porque eu escrevi estas
parcas linhas. Narrei o que me vai na alma. Ferve-me o sangue, assim
como ferve a espuma das ondas gigantescas do Mar revolto.
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