Thursday, February 02, 2017

Escrever sobre o Mar é uma atividade relacionada com o Mar

Na rádio advertem: “são desaconselhadas quaisquer atividades relacionadas com o Mar ”. Eu, que já andava com a pulga atrás da orelha e com a minha raiva nos píncaros (esta vida é mesmo dura) resolvi fazer mesmo alguma coisa relacionada com o Mar. sou do contra, o que e que se há-de fazer.

Sei o que queriam dizer mas, da forma como o disseram, dava a entender que nem sequer se deveria pensar no Mar, quanto mais escrever. Se calhar, apenas e só mencionar tal palavra, iria desencadear um fenómeno nunca antes visto por aqui. Daqueles que seriam lembrados daqui a quinhentos anos.

Apetece-me escrever sobre o Mar. E depois? Dizem que para acalmar o stress, se deve ir para o pé do Mar. Não se podendo ir para lá, há que pensar numa alternativa.

Com a fúria com que estou, o Mar revolto de hoje perto de mim é um inofensivo lago. Acho que eu é que iria enfurecer o Mar com a minha presença. Iria provocar nele uma raiva tal, que metade de Portugal não resistiria ao seu poder devastador.

E dão os entendidos o nome de Doris a esta tempestade. Se lhe dessem o meu nome, o terramoto de Lisboa e as suas lembranças seriam substituídas pela devastação da tarde de hoje.

Se daqui um bocado se queixarem que o Mar fez estragos, foi porque eu escrevi estas parcas linhas. Narrei o que me vai na alma. Ferve-me o sangue, assim como ferve a espuma das ondas gigantescas do Mar revolto.

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