Júlio Magalhães volta a nos dar um romance de época sobre a guerra colonial em Angola.
De referir que admiro a forma como este livro está escrito com as narrativas do que se passa com os diferentes personagens bem entrelaçadas. Também de destacar a interação entre personagens fictícios e figuras da nossa história mais recente, da qual nenhum português se deveria orgulhar.
Destaque ainda para o realce nos preconceitos e na mentalidade tacanha dos portugueses, fruto também das ideias assentes numa religiosidade doentia e bafienta. A forma como era vista a mulher nessa época é disso exemplo.
Júlio Magalhães destaca ainda o caráter humano desta guerra. Não só destaca o humanismo de António e Catarina que são os personagens principais, como dos guerrilheiros que lutavam pela independência do seu povo e aqui eram vistos como monstros. Fátima e o seu companheiro são personagens de uma humanidade jamais percebida por outros portugueses, que não Catarina e António.
Aqui nesta obra está presente um pouco do que se passava com a PIDE e a preocupação de mascarar os acontecimentos reais e fazer com que os mesmos parecessem outra coisa. Na impossibilidade de ocultar a verdade por completo, há que dar uma outra versão em que o Regime de Salazar e o povo português saiam por cima e os guerrilheiros angolanos sejam vistos como monstros, assassinos e terroristas.
Mais um excelente romance de época depois de, há poucos dias, ter lido uma obra muito semelhante, pelo menos sobre o mesmo assunto.
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