Há dias, tinha a
sensação de ter achado uma boa música para narrar um momento da
minha vida mas, chegado o fim do dia, por mais que desse voltas à
cabeça, não me conseguia lembrar. Sabia, no entanto, que a memória
que ia relatar não era lá muito agradável. Essa sensação
perseguia-me mas nada de me recordar qual a música que provocava em
mim tais sensações.
Por acaso esta
música passa muitas vezes na rádio e só assim foi possível
recuperar o que tinha para debitar aqui. Então cá vai!
22 de maio de 2005.
Era domingo e o Benfica preparava-se para, eventualmente, festejar o
título no Estádio do Bessa. Eu tinha sido operada aos olhos mais
uma vez há menos de uma semana e deslocava-me com a minha mãe a um
local para dar de comer a uns cãezinhos- um deles é aquele que é
atualmente o meu cão.
Um carro de cor
escura passou por nós a alta velocidade. Por pouco não arrastou um
dos cãezinhos que apressadamente recolho da estrada. Mal sabia eu
que esse veículo já tinha feito estragos lá atrás. Vinha mesmo
com muita velocidade.
Na volta para casa,
o nosso vizinho de cima mandou parar a minha mãe anunciando que
estava um gato morto na berma da estrada. A minha mãe logo
depreendeu com horror que seria a Teka que tinha tentado ir atrás de
nós. Ela acompanhava a minha mãe a todo o lado.
Infelizmente, era
mesmo ela. Apesar de ainda ter a visão turva da recente cirurgia ao
olho, olhei de relance para a berma da estrada onde se podia destacar
da vegetação uma massa disforme preta e branca. Era a Teka que ali
jazia sem vida. Esta música soava-me na cabeça porque a tinha
estado a ouvir. É por isso que, apesar de não ser uma canção má
de todo (antes pelo contrário), me causa um certo desconforto quando
a ouço. Lembra-me sobretudo aquela imagem desfocada na berma da
estrada.
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