No sonho não o
conheci, apesar de ter sempre a vaga sensação de que o conhecia
realmente. Mais, sentia-me, de certa forma, responsável por ele, por
tudo o que ele fazia e que causava tanto rebuliço entre as pessoas
de uma pequena localidade, essa sim, completamente inventada pelo meu
subconsciente.
O protagonista
existe realmente, algures, la longe. Chama-se Amr, mesmo assim
escrito. Só muito tempo depois de acordar é que associei que se
tratava do rapaz deste sonho. Aquele que conhecia bem naquele mundo
para o qual nós entramos quando adormecemos e que é capaz de abolir
distâncias e inventar pessoas que nunca vi e que se calhar até nem
existem. Aquele mundo tão estranho e tão fascinante.
Eu já estava
irritada porque andava a estudar e tinha teste de uma disciplina que
aliava Matemática, Geometria, Lógica...essas coisas boas de que
tanto gosto...Aquilo era tão complicado para a minha mente, que não
fiz nem metade dos exercícios. Tinha de desenhar, calcular,
raciocinar...tudo num curto espaço de tempo. O professor
impiedosamente pediu-me que entregasse a prova mesmo assim como
estava. Dava para chumbar na certa...e com zero.
Cheguei à rua
e...lá estava este nosso amigo, o rapaz que eu somente conheço do
Instagram e que ultimamente tem colocado likes nas minhas fotos.
Reparava bastante nele e reconhecia-o pelos objetos que trazia. Via
que as pessoas o olhavam de lado e com algum desconforto. Não
percebi porquê. Eu dava por mim a observá-lo. Conhecia-o. Mas de
onde? Não era propriamente um amigo chegado, tal como na realidade
não o é. Simplesmente alguém que via passar.
Chegámos perto de
uma casa onde supostamente havia roupa a secar. O estendal estava um
desalinho. Havia peças de roupa apenas presas por uma mola
e...dezenas de peças de roupa interior feminina espalhadas pelo
asfalto. Aquilo era uma aldeia igual a muitas por onde passamos nas
caminhadas.
Despudoradamente, os
sutiãs da dona da casa pareciam sorrir para quem passava. Uns ainda
se encontravam presos na corda da roupa. O grupo seguia todo. Ia eu
no meio e...lá ia ele. Imediatamente todas as cabeças se voltaram
para lá, acusando-o de ter espalhado a roupa pela estrada. Em suma,
tudo quanto aparecia mal feito tinha sempre o mesmo culpado. Desta
vez não era eu mas, de certa forma, sentia-me incomodada por tanto o
incriminarem. E ele seguia cada vez mais atrás como se aquilo nada
fosse com ele.
O burburinho subia
de tom e eu saí a terreiro defendendo a minha dama...quer-se
dizer...o cavalheiro. Fui dizendo que não havia mal em espalhar
peças de roupa interior pela estrada fora. Que mal havia? Afinal,
que diferença fazia expor as ditas peças de vestuário numa corda
junto à estada ou no chão? Sem estar no corpo da sua dona, aqueles
singelos trapos eram como quaisquer outros...ora essa!
Quando acordei
lembrei-me deste verso: “ó sua descaradona, tira a roupa da
janela, ao ver a roupa sem dona, lembra-me a dona sem ela”
Para além de me
lembrar destes sábios versos do cançonetismo lusitano, também
andei a ver se o meu amigo Amr por acaso tinha...alguma peça de
roupa igual à que lhe vi vestida no sonho. Não tinha mas era ele
claramente. Não sei como foi feito o casting para o meu
subconsciente o escolher entre dezenas de jovens para protagonizar
mais uma peripécia onírica.
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