Odeio salas de
espera de consultas externas! Afinal quem é que gosta de ali estar
sem fazer nada, a pensar no que deixou por fazer e que no dia
seguinte vai ter de se desdobrar? Quem não trabalha também não
apreciará ali estar porque sempre deixou o transporte alugado na
rua, ou tem hora para apanhar o comboio ou o autocarro até à sua
terra.
Apesar de haver
pouca gente na sala de espera, não estavam a chamar ninguém e, para
além da tosse e dos espirros que são sempre normais nesta altura do
ano, já se ouvia bufar. O rádio estava ligado na Mega Hits ou na
RFM mas ninguém estava a ligar muito à música. Não se estava
mesmo a passar nada. Que tédio!
Pelo
intercomunicador, um médico chama um doente para consulta. É aí
que a sala de espera ganha toda uma outra vida. O médico esqueceu-se
do intercomunicador ligado. Todo o corredor passou a ouvir em direto
tudo o que se passava no gabinete. A faceta mais cusca do Ser Humano
veio ao de cima. A sorte é que o radio até estava alto. Mesmo
assim, ouvindo atentamente, dava para apanhar alguma coisa. O que se
ouvia mais era o remexer de papeis que era amplificado por toda a
sala. As portas a abrirem e a fecharem também emitiam um som algo
engraçado, amplificado pela instalação sonora.
Foi um momento
caricato durante a longa espera por consulta. Saí de lá tarde e a
más horas.
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