Acordei eram duas e vinte e oito da madrugada. Se não estivesse tanto frio, teria apontado este sonho com medo de me esquecer dele. Não me esqueci e agora aqui está a sua descrição.
Sonhei que tinha ido a uma consulta numa bela tarde em que o Sol incidia bastante sobre as paredes brancas do hospital.
Queria sair dali mas andava perdida. Não havia ali ninguém que me indicasse o caminho. Tudo estava estranhamente deserto ali.
Finalmente percebi que alguém estava prestes a chegar perto de mim. Ainda bem! Era uma jovem enfermeira de bata branca que empurrava uma maca também coberta por lençóis brancos.
A forma que se adivinhava por debaixo da roupa não deixava margem para dúvidas. Transportava um cadáver. Esta cena fez-me lembrar um episódio semelhante passado em Aveiro quando eu ainda era pequena. Viemos de elevador com alguém que também transportava uma maca. A minha mãe e a minha irmã desconfiaram que viesse um morto nela. Mas por que fui eu sonhar com algo semelhante tanos anos depois?
A enfermeira do meu sonho disse-me que ia para baixo levar o que ali trazia e que eu podia seguir com ela nesse mesmo elevador se queria sair para fora do edifício.
Começámos a descer mas o elevador começou a trepidar imenso e o frágil corpo de um senhor já muito idoso foi escorregando da maca, até que caiu de barriga para baixo.
Entretanto a minha velha mochila laranja também me caiu das costas para o chão e a boca do cadáver colidiu com ela.
A minha mochila estava impregnada de saliva de defunto. Com nojo e repulsa, passei a mochila por água umas quantas vezes.
E assim decorreu esta estranha mas não inédita viagem com o morto
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