Têm sido recorrentes nos últimos tempos sonhos deste género que em nada contribuem para o meu bem-estar mental. São sonhos que parecem muito reais mas, quando acordo, a realidade atinge-me abruptamente como um soco no estômago.
Eu começo a pensar: se eu fosse capaz de ler, por magia ou milagre, que necessidade tinha de esconder das outras pessoas? Seria uma alegria. Por meses tentei esconder o contrário- que estava a perder a visão- aí tinha motivos para agir assim. Se por acaso se desse o contrário, acho que iria para a rua e ali permaneceria por horas, para compensar todo este tempo em que sou refém da escuridão que me assola os olhos e a alma.
Em alguns sonhos sou capaz de ler, como lia há sensivelmente quatro anos atras. Neste sonho em concreto, achei uma revista antiga e comecei a ler. Lembrei-me de uma vez em que estava a recuperar de uma operação e em que comecei por ler pequenos artigos de revistas para habituar os olhos à leitura. Aqui talvez estivesse a fazer a mesma coisa.
Estava feliz da vida a ler algo que tinha nas mãos. Já pensava que a seguir leria um dos livros que ainda guardo.
Ouvi que alguém se aproximava e logo me apressei a esconder a revista que estava a ler. Para que conste, era uma “visão” de há muito tempo atrás. Tenho muitas ainda guardadas em casa.
Escusado será dizer que jamais voltarei a ler um livro, uma revista ou seja lá o que for. A dura realidade é esta.
Acordo e tudo está escuro, mais uma vez.
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