Imaginem que ir à
praia fazia parte do meu programa de atividades para hoje ou amanhã!
Tenho sorte, não planeio ir à praia neste fim de semana. Se tivesse
de o fazer, certamente já estaria de pé atrás depois deste sonho.
Foi uma noite cheia
de peripécias, com três sonhos diferentes, qual deles o mais
angustiante. Escolhi este para aqui trazer, por a historia ser mais
dramática e mais escorreita.
Sonhei que ia com
toda a mina família e vizinhos para a praia. Já não estávamos
propriamente no verão mas ainda estava bom para dar uns mergulhos na
Figueira da Foz. Alugámos uma enorme carrinha que mais tarde foi
promovida a ambulância e lá fomos todos mesmo. Até a minha mãe
foi.
Por ter de ir fazer
uma necessidade algures, pois ali não havia casas de banho por perto
(um clássico dos sonhos), separei-me do restante grupo, ficando
apenas com o motorista da carrinha/ambulância. Como ainda estava
longe da praia, esperei mesmo ali pacientemente, coisa que não
aconteceria na realidade se acaso me deparasse com uma situação
como esta. Eu iria espernear até que alguém, mesmo que fosse alguém
que não conhecesse e passasse por ali me levasse até à praia. Mas
não, por incrível que pareça, estava ali sossegada. De vez em
quando olhava para as horas e a minha impaciência resultava apenas
do facto de ser tarde e não aparecer ninguém do grupo.
Eu e o motorista
desconhecido fomos percorrendo algumas ruas estreitas e anormalmente
desertas. Se calhar toda a gente estava na praia. Era estranho. Eu
ficava impaciente e preocupada. À medida que o tempo ia passando, ia
ficando até apreensiva.
A certa altura, num
determinado ponto mais elevado, havia inúmeras ambulâncias. O nosso
motorista também resolveu ir buscar o nosso veículo que estava
ainda longe. Eu fui com ele. Não sabíamos nessa altura o que se
estava a passar por ali.
No pequeno trajeto
que fizemos, o motorista ligou o radio e então ficámos a saber com
horror que uma onda havia varrido a praia e levado inúmeras pessoas.
Como a minha família estava a demorar, comecei logo a pensar o pior
e não impedi as lágrimas de rolarem livremente.
Não tinha o
telemóvel de ninguém para ligar e ver se estava tudo bem. As
notícias que chegavam eram de caos, destruição e morte. Ninguém
sabia de ninguém ali. Eu ia pensando como seria se acaso perdesse
toda a gente que amava e tinha vindo comigo naquele dia. Seria
horrível. Quanto mais pensava, mais triste ia ficando. Estava mesmo
desesperada. Pensava que os corpos nunca mais iriam aparecer ou
apareceriam meses mais tarde, que tinha de ser eu a tratar de todas
as formalidades inerentes aos funerais. Para quem está a ler um post
meu pela primeira vez, resta explicar que nos sonhos morro de medo
dos mortos, coisa que não acontece na realidade.
No fim, todos os
meus entes queridos apareceram e tinham histórias para contar. Eu ia
ouvindo e, ao mesmo tempo, também as ia vivenciando como se lá
tivesse estado. Enquanto ouvia, vi-me sentada à beira-mar com outras
pessoas, medindo o bronzeado de cada um. Depois passou um enorme
barco de cruzeiro que levantou uma primeira onda que levou as
pessoas. Algumas ainda estavam a tentar fugir da primeira investida
do mar quando uma segunda onda levou o resto das pessoas que ainda
gritavam e lutavam. Eu consegui vir à superfície e tentar nadar
como sabia na direção do areal.
Eram cinco e vinte e
dois da manhã quando acordei.
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