Por onde começar a narrar isto? E que teve de tudo. Festa, passeata,
música, Futebol, comida…até teve Tony Carreira como qualquer festa que se preze
ultimamente. Ah, e o quarto amarelo!
Bem, a nossa casa estava cheia de gente. Havia duas gatas
pretas que não podiam estar ao colo ao mesmo tempo. É que elas não se davam. No
meu quarto havia maços de cigarro por toda a parte. Eu argumentei que não eram
meus. E não eram mesmo. Eu não fumo nem em sonhos.
No dia seguinte haveria uma excursão. Parece que era de dois
dias. Lá fomos. O local onde dormíamos era a loucura. Tínhamo-nos de dividir
por dois quartos com uma série de colchões no chão. Um deles era o quarto
amarelo e não tinha a ver com a cor das paredes que por acaso, e só por acaso,
também eram amarelas. O conceito de quarto amarelo consistia no facto de os
hóspedes começarem a dormir num colchão e irem trocando ao longo da noite. Bem,
este conceito é muito à frente. Eu é que queria dormir descansada e flui para o
outro quarto.
Saímos de autocarro. Chegámos a meio da tarde a uma rua que
eu dizia conhecer bem. “Já aqui vamos!” pensei eu. Havia música ao longe.
Cantavam-se os parabéns a alguém. Era um Sábado à tarde. Ouvindo melhor, era o Tony
Carreira que dava por ali um concerto. O público feminino que seguia comigo
logo se manifestou e eu fui dizendo que só gostava do Tony Carreira no tempo em
que ele era pouco conhecido. Aí em finais dos anos oitenta e inícios de
noventa.
O autocarro iria parar mesmo à minha porta. Eu estava bem
recostada ainda ao mesmo banco onde tinha ficado. E não me mexia? Ia sair ali.
No dia seguinte, comia com sofreguidão pedaços de leitão
quente. Estava mesmo a saber bem. A minha mãe foi contando os pormenores da
visita de uma prima nossa que tinha vindo do Estrangeiro. Eu ia ouvindo e
comendo aquele leitão estaladiço. Que maravilha!
Não sei se foi nessa mesma noite. O Porto e o Benfica iam
jogar a altas horas. Eu sempre fui dizendo que ainda dava tempo de ver o resto
do jogo porque sabia que ele ia a prolongamento. Mas não foi. Passado um pouco
fiquei a saber, para meu desgosto, que o Glorioso SLB tinha perdido por 3-0. No
final do jogo, os repórteres de rádio gozavam…com o Jara. “Mas o Jara não tinha
ido para o Olympiakos?” pensei eu. E tinha mesmo. No meu sonho ainda jogava no
Benfica e estava-me a doer a alma do tão gozado que estava a ser.
Acordei a rir. Não me lembro já do que foi.
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