Wednesday, January 15, 2014

As minhas memórias com Eusébio



Ia na caminhada e, a certa altura, ouvi uns colegas perguntarem um ao outro que idade tinha o Eusébio. Confesso que fiquei intrigada com a pergunta já feita no passado e fiquei alerta. Depois mudaram de assunto e eu ultrapassei-os.

Quando cheguei a casa eram duas da tarde em ponto e logo apanhei as notícias na M80. Foi aí que soube da morte de um dos meus ídolos e associei que aqueles colegas talvez já soubessem da morte do “Pantera Negra”.

A morte de alguém, por mais problemas de saúde que tenha, deixa sempre uma onda de perplexidade e de estupefacção. Sendo uma figura tão carismática, Eusébio provocou no povo português esses sentimentos, aliados também aos sentimentos de vazio e de perda.

Nestas alturas pouco há a dizer, apenas aqui recordo as minhas memórias das duas vezes em que tive o prazer de estar com Eusébio pessoalmente.

Ambos os encontros decorreram em Anadia, mas em locais e circunstâncias diferentes. Em 1994 ou 1995, houve um evento qualquer no Estádio do Anadia. Havia um jogo entre veteranos do Anadia e Velhas Glórias de Portugal. Lembro-me que Toni envergava o equipamento azul e branco (igual ao do Porto) do Anadia.

O meu ansiado encontro com Eusébio decorreu em circunstâncias um pouco embaraçosas. Era Novembro e estava a chover. O relvado estava mais castanho do que verde. Vendo jogar a bola, eu não resisti em juntar-me para jogar também. A certa altura, deslizei por ali fora e fiquei toda enlameada. Tive de me desenrascar lavando as mãos numa torneira pequena que existia junto ao relvado mas não consegui tirar a lama toda que escorria. Então apareceu-me Eusébio e eu, para não perder este raro momento, não tive outro remédio, que não cumprimenta-lo com as mãos todas sujas. Lembro-me também que nesse dia estive largo tempo a conversar com Vítor Damas e que já aqui narrei esse meu encontro aquando da morte do antigo guarda-redes do Sporting.

O segundo encontro com o meu ídolo (apesar de ainda não ser nascida quando Eusébio estava no auge da sua carreira, admirava-o enquanto jogador e enquanto pessoa, era um símbolo também do clube que aprendi a amar) ocorreu aquando da inauguração da Casa do Benfica da Bairrada em 2003.

Na Câmara Municipal de Anadia estava Eusébio à entrada dando autógrafos. Eu fui ter com ele e pedi-lhe que me assinasse um exemplar da revista “Doze” que tinha comprado nessa manhã. Também gracejei que dessa vez não tinha as mãos sujas de lama. Para dizer a verdade, estava equipada a rigor, com a camisola do Glorioso SLB e tudo. Tirei imensas fotos com Eusébio. Guardo algumas lá em casa e tiraram ainda outras para arquivo do Benfica e da Casa do Benfica da Bairrada. No Facebook ainda há uma foto desse dia mas Eusébio não está por ali. Depois lembrei-me que ficou à entrada do edifício camarário a distribuir autógrafos a quem chegava.

Foi um orgulho conhecer pessoalmente tão ilustre símbolo de Portugal e do Benfica. Hoje, independentemente da cor clubística, Portugal está a lamentar a perda de Eusébio. Hoje ele desapareceu do nosso mundo mas jamais deixará de desaparecer dos nossos corações e das nossas memórias.

Obrigada Eusébio por tudo quanto nos deu!

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