Thursday, November 08, 2018

Do júbilo ao terror

Numa espécie de continuação do sonho anterior em que se festejava o São Martinho na rua com castanhas e muito álcool, as festividades continuaram numa espécie de pavilhão, cujas instalações eram um pouco labiríntico, tão do apanágio das instalações dos sonhos. Aqui vai fazer toda a diferença.

Entretanto, aguardava-se com grande entusiasmo a chegada de uma equipa angfoana de Futsal para vir jogar com outra equipa. O jogo seria nesse pavilhão e seria o ponto alto das festividades. Do outro lado havia grandes estrelas.

O pavilhão tinha imensa gente, a julgar pelo barulho que se fazia sentir nas bancadas. A cada jogada, o público vibrava, como não podia deixar de ser. Reinava a magia na quadra, a assistência fazia a festa e nada fazia prever o que se iria seguir.

Já um pouco bebida, eu estava da parte de fora juntamente com uma outra rapariga que não conhecia e que falava com sotaque brasileiro. Era a quadra onde evoluíam os jogadores, havia as bancadas e depois havia o resto das instalações que eram um autêntico labirinto de portas . Isto vai fazer toda a diferença. Já vão ver.

De repente, os gritos que vinham das bancadas já não eram de júbilo. Os cânticos de festa foram substituídos de forma abrupta por horríveis gritos de pavor. Virada de costas para o que estava a acontecer, eu questionava o que se estava a passar. Por que é que toda a gente estava aos gritos?

Ao mesmo tempo, uma força especial armada irrompeu de todas aquelas portas. Um deles pediu-nos para nos afastarmos depressa dali, pois iam atirar à cara. À cara de quem? Só se começaram a ouvir estilhaços. Eu acordei com o coração aos saltos. Sentia a adrenalina a percorrer o meu corpo como uma vertigem elétrica. Estava a viver aquele sonho muito intensamente. Olhei para o telemóvel. Pouco passava da uma e meia da madrugada. A julgar pelo movimento onírico, pensava que eram aí umas cinco da manhã.

Voltei a adormecer e voltei a pegar no sonho conforme o deixei. É incrível. Se estivesse a sonhar com uma coisa boa, isso não acontecia. Realmente, a história tinha de acabar. Os atiradores voltaram a correr pelas portas. Pela instalação sonora conseguiu-se ouvir que estava um cadáver estendido na quadra. Por isso o jogo não devia ser retomado. Como se, na vida real, fosse necessário avisar o público de tal facto. Os atiradores tinham abatido o indivíduo que inicialmente disparara sobre o público ou ameaçou disparar, não tenho bem a certeza. Ele foi abatido naquele intervalo em que eu acordei. Quer-se dizer, estive acordada mas o sonho prossegui.

A minha amiga veio pelo outro lado do labirinto para ver o que se passava. Eu continuei virada de costas. Não queria ver fosse o que fosse. O que estava a ouvir já estava a ser mau demais.

Ela deu uma olhada à quadra mas logo recuou para trás enojada. Com as mãos na boca, segurando o vómito que já se formava, ela tentava desesperadamente encontrar uma casa de banho no meio de um corredor redondo com muitas portas fechadas.

Ela desapareceu no interior de uma dessas portas. Não sei se era mesmo ali a casa de banho. também não interessava muito. A tarde que devia ser de festa já estava irremediavelmente estragada.

Que noite!

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