Árdua
jornada, esta que se adivinhava. Resta dizer que o destino seria
Folgosinho, já muito próximo da Serra Da Estrela. O Céu estava
nublado mas não chovia quando saímos de Coimbra. Em Folgosinho, o
estado do tempo era pouco diferente. Talvez estivesse um pouco mais
de frio.
Tinham-me
dito que a caminhada ia ser difícil mas eu, sempre ávida de novos
desafios, resolvi arriscar. Iria ser um desafio diferente daqueles
que me são colocados todos os dias e que fazem com que chegue a cada
final de semana com vontade de deixar tudo para trás e me enfiar não
sei onde. Às vezes é a vontade que tenho.
Ainda
pensei não fazer a caminhada. Até tinha levado um livro mas, quem
não arrisca...não leva história para contar mais tarde..e para
narrar num blog que tenha.
O
local dava pelo nome de Calçada Romana Dos Galhardos. Sim, os
Romanos deviam ter cá um cabedal, uma resistência, uma pujança. A
subir aqueles caminhos…
Eu
até gosto de subir mas aquela subida era muito longa e,
inicialmente, devo ter ido rápido de mais. Cheguei a um certo ponto,
quando o caminho ficou mais inclinado, que o corpo simplesmente me
deixou de obedecer e a sede era terrível. Quando o oxigénio falha,
também o discernimento não é muito. Foi preciso um companheiro me
ajudar no resto do percurso. Como se costuma dizer, não podia com
uma gata pelo rabo. Ultimamente não tenho tido tempo para fazer
exercício. Cada vez trabalho mais e não vejo as coisas andarem para
a frente, bem pelo contrário.
Voltando
a esta subida, o alívio que se sente quando ela acaba é imenso e
uma onda de euforia devido ao esforço imenso invade o organismo.
Vale mesmo a pena. Acho que nunca tinha feito uma igual. Tão longa
creio que não mas valeu a experiência. Aquela subida devia ter ali
perto de três quilómetros. Ou então fui eu que julguei muito mas
acho até que foi isso que deu o GPS do telemóvel que trazia ligado.
A
outra parte foi feita em alcatrão e a descer. Aproveitei para
descontrair e para ir a conversar e a tirar fotografias.
Outra
história para contar por terras serranas, tem a ver com a comida.
Também fui mais por curiosidade porque muita gente me falou dos
petiscos que servem no restaurante mais famoso lá da terra. Para
entrada, foi colocada à minha frente uma travessa de iscas. Como
estavam cortadas em pedaços pequenos, resolvi experimentar. Quando
era pequena acho que comia mas não gostava. E não é que estavam
uma delícia! Tirei mais um pouco. Talvez a minha mãe não tempere
as iscas como ali estavam.
Seguiu-se...feijoada
de javali. Nunca comi tal carne, pelo menos que eu saiba. Afinal
também é suculenta e apetitosa.
Também
me deliciei com o leitão à moda da casa que é muito diferente do
leitão à Bairrada. Também é uma maravilha.
Para
sobremesa, havia requeijão com doce de abóbora- uma receita que sou
capaz de importar lá para casa, pois leite de cabra para fazer
requeijão há algum e também há doce de abóbora por vezes e até
marmelada. É muito bom.
Remato
com uma bebida à base de licor de noz com o sugestivo nome
de...Bichaninha da Emília. A língua portuguesa já é traiçoeira
mas por vezes o pessoal estica-se. Era noite e ainda me vinha a rir
com o raças do nome da bebida.
Mais
duas coisas: talvez a bichaninha da Emília (a genuína) seja uma
gata preta e branca que encontrei no final da caminhada e a quem
tirei algumas fotos. Era muito mansinha. Peguei nela e começou logo
a ronronar, coisa que a Adie não faz e já está lá em casa há
anos.
Já
que falei em acessibilidade e sensibilização no post anterior,
alerto os responsáveis locais de Folgosinho para o perigo que é não
haver pelo menos uma corda a proteger os degraus que dão acesso ao
Castelo. Alguém, portador ou não de deficiência, pode cair por ali
abaixo, se é que já não caiu. É um perigo que ali está. Foi por
isso que desisti de subir ao Castelo.
Fica
para a posteridade esta jornada de caminhada, pelo muito que se
aprendeu e pelas experiências e sensações que fui encontrando.
Para
a posteridade ficam também as habituais fotografias.
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