Tuesday, October 18, 2016

Subida interminável e descoberta de novos sabores em Folgosinho







Árdua jornada, esta que se adivinhava. Resta dizer que o destino seria Folgosinho, já muito próximo da Serra Da Estrela. O Céu estava nublado mas não chovia quando saímos de Coimbra. Em Folgosinho, o estado do tempo era pouco diferente. Talvez estivesse um pouco mais de frio.

Tinham-me dito que a caminhada ia ser difícil mas eu, sempre ávida de novos desafios, resolvi arriscar. Iria ser um desafio diferente daqueles que me são colocados todos os dias e que fazem com que chegue a cada final de semana com vontade de deixar tudo para trás e me enfiar não sei onde. Às vezes é a vontade que tenho.

Ainda pensei não fazer a caminhada. Até tinha levado um livro mas, quem não arrisca...não leva história para contar mais tarde..e para narrar num blog que tenha.

O local dava pelo nome de Calçada Romana Dos Galhardos. Sim, os Romanos deviam ter cá um cabedal, uma resistência, uma pujança. A subir aqueles caminhos…

Eu até gosto de subir mas aquela subida era muito longa e, inicialmente, devo ter ido rápido de mais. Cheguei a um certo ponto, quando o caminho ficou mais inclinado, que o corpo simplesmente me deixou de obedecer e a sede era terrível. Quando o oxigénio falha, também o discernimento não é muito. Foi preciso um companheiro me ajudar no resto do percurso. Como se costuma dizer, não podia com uma gata pelo rabo. Ultimamente não tenho tido tempo para fazer exercício. Cada vez trabalho mais e não vejo as coisas andarem para a frente, bem pelo contrário.

Voltando a esta subida, o alívio que se sente quando ela acaba é imenso e uma onda de euforia devido ao esforço imenso invade o organismo. Vale mesmo a pena. Acho que nunca tinha feito uma igual. Tão longa creio que não mas valeu a experiência. Aquela subida devia ter ali perto de três quilómetros. Ou então fui eu que julguei muito mas acho até que foi isso que deu o GPS do telemóvel que trazia ligado.

A outra parte foi feita em alcatrão e a descer. Aproveitei para descontrair e para ir a conversar e a tirar fotografias.

Outra história para contar por terras serranas, tem a ver com a comida. Também fui mais por curiosidade porque muita gente me falou dos petiscos que servem no restaurante mais famoso lá da terra. Para entrada, foi colocada à minha frente uma travessa de iscas. Como estavam cortadas em pedaços pequenos, resolvi experimentar. Quando era pequena acho que comia mas não gostava. E não é que estavam uma delícia! Tirei mais um pouco. Talvez a minha mãe não tempere as iscas como ali estavam.

Seguiu-se...feijoada de javali. Nunca comi tal carne, pelo menos que eu saiba. Afinal também é suculenta e apetitosa.

Também me deliciei com o leitão à moda da casa que é muito diferente do leitão à Bairrada. Também é uma maravilha.

Para sobremesa, havia requeijão com doce de abóbora- uma receita que sou capaz de importar lá para casa, pois leite de cabra para fazer requeijão há algum e também há doce de abóbora por vezes e até marmelada. É muito bom.

Remato com uma bebida à base de licor de noz com o sugestivo nome de...Bichaninha da Emília. A língua portuguesa já é traiçoeira mas por vezes o pessoal estica-se. Era noite e ainda me vinha a rir com o raças do nome da bebida.

Mais duas coisas: talvez a bichaninha da Emília (a genuína) seja uma gata preta e branca que encontrei no final da caminhada e a quem tirei algumas fotos. Era muito mansinha. Peguei nela e começou logo a ronronar, coisa que a Adie não faz e já está lá em casa há anos.

Já que falei em acessibilidade e sensibilização no post anterior, alerto os responsáveis locais de Folgosinho para o perigo que é não haver pelo menos uma corda a proteger os degraus que dão acesso ao Castelo. Alguém, portador ou não de deficiência, pode cair por ali abaixo, se é que já não caiu. É um perigo que ali está. Foi por isso que desisti de subir ao Castelo.

Fica para a posteridade esta jornada de caminhada, pelo muito que se aprendeu e pelas experiências e sensações que fui encontrando.

Para a posteridade ficam também as habituais fotografias.



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