Deitei-me
bem cedo porque estava a ouvir um programa desportivo na rádio e
depois não me apeteceu deixar o quentinho das cobertas. Lá fora
chovia imenso e eu resolvi também ficar assim na escuridão, somente
ouvindo a chuva a cair e deixando-me embalar por esse som que provoca
em mim uma sensação boa de aconchego.
Nem
dei conta de adormecer. Sei que dormi quase ininterruptamente até
perto das quatro e meia da manhã.
Sonhei
com algumas coisas interessantes mas somente um som povoa ainda a
minha mente e não sei onde fui eu buscar. Um som que me habituei a
ouvir na infância pelas estradas da minha aldeia e que nunca mais
ouvi. O som de um carro de bois.
Estava
deitada num local escuro. O ambiente era hostil. A melancolia povoava
aquele lugar, fosse ele qual fosse. Algures, havia alguém que iria
ser levado dali próximo para ser enterrado. Iria de carro de bois,
pois claro. O carro tinha chegado para o levar e eu não queria estar
ali presente para assistir. O certo é que eu não conseguia sair
dali, por mais que quisesse. O barulho das rodas aproximava-se e a
angústia apoderava-se de mim. Não me mexia dali de onde estava.
Deve
ter sido nessa altura que acordei.
Tenho
uma vaga ideia de me terem dito que os mortos antigamente iam de
carro de bois ou num transporte semelhante próprio para os
transportar que era a carreta. Isso já não se usa.
Terei
eu dado uma saltada até ao tempo dos meus antepassados? Nunca se
sabe.
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