Não tenho palavras para descrever o que estou a sentir neste
momento. Não tenho ninguém perto para desabafar, por isso sirvo-me destas
linhas a ver se pelo menos me consigo sentir melhor, já que a mágoa e a tristeza
que me corroem impedem-me até de desviar o pensamento para outas coisas mais
alegres.
A cada dia que passa, sinto-me mais desiludida e mais triste
com a vida, com a falta de sentido e de objectivos. Sinto que não saio do mesmo
sítio e isso já me começa a cansar, a fartar, a aborrecer, a desgastar.É como nadar
em ondas altas e não sair do lugar. É assim que estou a sentir as coisas.
Não adianta lutar para ser tratada de forma igual, quando
sou esquecida, tratada como se não existisse, como se não contasse para nada. Sinto-me
abandonada, descriminada, espezinhada, extremamente triste.
Cada vez olho mais para trás porque há muito que desisti de
olhar para a frente e cada vez sinto que é voltando para trás que hei-de voltar
a ter alegria de viver, toda a felicidade que perdi, algo por que valha a pena
lutar.
Provavelmente as pessoas não tiveram a intenção de me magoar
mas o que é certo é que deixaram- me muito triste, mais só, mais magoada, mais
desiludida. É difícil alguém compreender o que vai na nossa mente, na mente de
quem não tem escolhas, de quem a vida tira mais do que dá, de quem tem o futuro
hipotecado particamente desde que nasceu e começou desde cedo a sofrer na pele
aquilo que agora me estão a fazer, a mente de quem olha para um lado e para o
outro de um longo corredor e só vê portas fechadas, a mente de quem já travou
muitas batalhas e poucas venceu.
Estou farta.Cheguei ao meu limite. Começam-me a faltar as
forças para me reerguer de cada vez que me fazem destas coisas. É o sentimento
de pertença que está aqui em causa, de integração plena, de igualdade de
oportunidades, até muito mais do que essas coisas todas. Jogou-se aqui com
sentimentos muito fortes que há muito se perderam neste mundo-cão onde,
definitivamente, não temos lugar.
Vem aí um novo ano, não espero melhorias no que está a
acontecer e se vem arrastando. Se isto assim continuar, vou ter de reflectir. Quem
quiser que continue. Tenho abdicado de muita coisa ultimamente, inclusive de
estar mais com os meus amigos. Até estou a colocar a minha saúde em risco. Para
quê? Para me pagarem assim?
A partir de hoje, nada vai ser como dantes. Isso posso
garantir. Se virem que algo está a correr menos bem, ao menos vêm falar comigo,
que é coisa que tem faltado.
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