Ao longo dos últimos
meses, por razões óbvias, muito se tem falado em Pedrógão Grande
e naquela estrada onde morreram algumas dezenas de pessoas.
No meu sonho, tinha
havido uma tragédia muito semelhante mas numa estrada aparentemente
inofensiva em plena cidade de Anadia. Um local onde tantas vezes
tenho passado a pé.
Terá havido ali um
grande acidente de proporções consideráveis. Uma tragédia com
muitas vítimas, muitos corpos mutilados, muita dor, muito sangue.
Sangue que teimava em não desaparecer do asfalto, por muito que
chovesse e por muito que limpassem a via.
Estive algum tempo
sem vir a casa depois desse horrível acidente mas, num final de
tarde, com o Céu já a escurecer, tive de lá passar. As marcas da
morte e da destruição eram bem visíveis. O sangue tingia ainda a
via como se tivesse sido ontem. Eu tentava não olhar mas, ao mesmo
tempo, os meus olhos teimavam em se fixar ali. Tentei parar de olhar
mas, teimosamente, mesmo virada de costas, ainda via a estrada
tingida de vermelho.
Com um ar
horrorizado, jurei que nunca mais ali passaria. Mas como iria fazer?
Acordei. Foi com
horror que me lembrei que tinha de ali passar nessa tarde. Ia para
casa. Já ali passaria de noite mas seria um dado adquirido que ali
tinha de passar. Não passaria a pé mas, se tivesse de acontecer
algo, aconteceria na mesma. Sei disso e não poderia fugir.
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