Foi uma noite repleta de acção e de emoções fortes, apesar de bem dormida. Eram onze da noite e já eu me deixava vencer pelo cansaço de mais uma jornada de trabalho. Tinha planeado ler um pouco mas acabei por ir dormir.
O primeiro dos sonhos que aqui trago tem a ver com uma excursão organizada pela ACAPO a algures. Sei que era a bastante longe. Exibiam-se as últimas tecnologias em material electrónico que facilitaria a vida ao cidadão portador de deficiência visual.
Passados alguns dias teríamos de repetir a viagem. Partiríamos ao fim de uma tarde bem chuvosa. Estava a escurecer quando me despachei finalmente e já ia atrasada. Tinha estado a tirar a areia a umas sapatilhas pretas e brancas que tenho na realidade. Vesti à pressa também umas calças que me estavam largas e que teimavam em vir para baixo, até ao chão, sujando-se imenso.
Assim ia eu pela rua fora ao cair de uma tarde em que a chuva era persistente. Ia sempre a puxar as calças para cima para não tocarem o chão e ia sempre com cuidado, já com os pés molhados. Cheguei ao fundo da estrada nova e ouvi a minha irmã a chamar-me. A paragem era alguns metros mais abaixo.
Ela trazia um guarda-chuva claro. Era já noite e as luzes dos postes estavam ligadas. Ela corria em direcção à paragem. De vez em quando olhava para trás para ver se eu a seguia. Eu esforçava-me por a seguir mas não conseguia. As sapatilhas escorregavam-me na estrada molhada e as calças teimavam em não se segurar. Mesmo assim apanhámos o autocarro.
Depois acordei e voltei a adormecer. Na altura nem sabia que estava a sonhar. Tudo era bem real. Estava deitada como era suposto estar. O senhorio abre a porta sem bater e começa a procurar uma chave do quarto de alguém que eu pudesse ter levado por engano para dentro. Eu fiquei bastante irritada, pois estava a dormir e fui acordada assim de rompante.
Ele continuava a vasculhar em tudo. A chave tinha de aparecer. Eu sempre fui dizendo que nem tinha estado ali por aqueles dias mas ele insistia. Agora vasculhava gavetas. A minha fúria aumentava e ia dizendo com ar inflamado que dificilmente a chave do outro quarto estaria em alguma gaveta.
Não sei como foi ele desencantar uns óculos. Onde raios estavam? Não dava para os colocar na cara. A armação magoava imenso na zona do nariz.
Voltei a acordar. Tudo estava calmo. Talvez lá fora tenha havido barulho e eu assimilei-o inconscientemente. Já não é a primeira vez. Ainda dormi um pouco e sonhei com outras coisas até o despertador tocar.
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