Desta vez acordei em casa, na minha cama. Do quarto da minha irmã que também estava em casa vinha luz. Ao menos podia-me tranquilizar com o facto de tudo estar calmo, que é algo que não tenho oportunidade de verificar quando acordo sobressaltada em Coimbra devido a um pesadelo deste género.
A história conta-se em poucas palavras. Havia obras na estrada habitual que tomamos para Anadia. Eu tinha de ir a pé. A alternativa era uma espécie de labirinto cheio de atalhos e mais atalhos onde qualquer pessoa facilmente se perdia.
Vendo-me perdida sem saber por onde ir, alguém me indicou um dos inúmeros atalhos que compunham o labirinto como sendo o correcto. Julgo que até foi o meu pai.
De início nem me apercebi onde estava. Sabia apenas que tinha colocado um pé em cima de uma tábua que oscilou à minha passagem e me dificultou o equilíbrio. Nem estava a reparar no que se estava a passar. Só quando olhei com mais atenção é que constatei com algum horror onde tinha vindo parar.
Dois ou três homens de uniforme azul e coletes reflectores abriam uma sepultura e dela tinham retirado um caixão com uma idosa ainda bem conservada. A senhora era extremamente parecida com a minha antiga senhoria e envergava uma indumentária parecida com o seu roupão castanho. O rosto é que estava uma tonalidade arroxeada. Junto a um monte de terra estava um monte de flores murchas e a tábua em que eu inicialmente coloquei os pés era a tampa do caixão que estava a servir de ponte a um desnível que havia.
A imagem era aterradora. Diziam que tinham de proceder à trasladação dos restos mortais da senhora para Leiria.
Se estivesse em Coimbra, podia contar com uma noite mais agitada do que a que tive. Nada estava a acontecer. Toda a gente dormia tranquila.
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