Numa era não muito
distante, a Ciência irá avançar de tal forma que retirará
qualquer espécie de imprevisibilidade a qualquer acontecimento da
Natureza, mesmo àqueles fenómenos que hoje julgamos ser impossível
controlar. A vida e a morte estarão entre esses eventos.
Não vamos muito
longe. Hoje em dia, um médico já consegue prever quanto tempo um
doente terminal tem de vida. Há alguns anos que isso acontece. Não
consegue, contudo, prever a hora exata a que o indivíduo vai morrer.
Ainda não. Mas nos sonhos isso é possível.
Sonhei que tinha
sido diagnosticada uma doença terminal ao meu vizinho durante os
meses de verão. Nada havia a fazer. Restavam-lhe poucos meses de
vida. Iria morrer num certo dia de madrugada e todos nós estávamos
preparados para isso.
A noite em que ele
ia partir era fria e triste. O ambiente estava naturalmente pesado e
todos nos reunimos numa casa completamente diferente de todas as que
alguma vez conheci. Segundo um livro que li há pouco tempo, as casas
oníricas têm um pouco de todas as casas por onde alguma vez
passámos, cujos pormenores ficaram retidos no nosso subconsciente. A
junção desses pedaços resulta numa casa completamente estranha
como aquela onde toda a família e amigos se encontravam à espera da
notícia mais que esperada.
A note estava
estranha e, a certa altura, começaram a ouvir-se corujas. Alguém
afirmou por entre o silêncio cortante que se fazia sentir que já se
sabia por que piavam as corujas. Não havia que ter medo.
Estava embrenhada
nesse ambiente tão pesaroso quando acordei com o toque do
despertador que se encontra na hora de verão e desperta às cinco e
meia. Tirei uma meia e adormeci com ela na mão. Quando o despertador
do telemóvel tocou, logo a procurei. Estava ao meu lado.
No comments:
Post a Comment