Por vezes, ser
deficiente visual coloca-nos em situações no mínimo embaraçosas.
O facto de não conseguir reconhecer as pessoas, especialmente quando
estão do outro lado da rua pode ser uma delas. Quando vão do outro
lado da rua...e vão de carro e eu a pé, ainda por cima.
Ia eu pela rua em
direção à Baixa quando um carro me buzinou e parou do outro lado
da rua. Perguntou-me se estava tudo bem. Eu disse que sim e perguntei
quem era que falava comigo. Disse que era o Paulo. Julgando ser o
Paulo Adriano, pois seria normal encontrá-lo em Coimbra, atravessei.
Só no fim de cumprimentar o senhor é que constatei que não era
ele. E agora? Como sair dessa? É que eu não estava a ver mesmo de
onde conhecia o senhor ou se alguma vez na vida nos cruzámos?
Começou-me a
perguntar se já tinha terminado os estudos. Oi? Então eu terminei
os estudos...há dezasseis anos. Nunca mais voltei a estudar desde
aí. Ele disse que tinha deixado de viver em Coimbra há bastantes
anos. Se calhar os suficientes para ter perdido a noção dos anos a
passar.
A certa altura,
vinha pela estrada um autocarro. E eu ali. Que triste figura! Ainda
por cima, se o condutor do autocarro tivesse a capacidade
sobrenatural de conseguir ver pontos de interrogação e exclamação
a pulsar à frente da minha cabeça, seria uma imagem memorável.
É que eu não
estava mesmo a ver quem era aquele senhor. Isso mesmo eu lhe disse,
que me estava a confundir com alguém. Ele disse que não mas eu, por
mais voltas que dê à cabeça, não me consigo lembrar se alguma vez
nos cruzámos sequer na rua antes.
Toupeira Dum Raio!
Ah, uma vez houve também um indivíduo que me confundiu com uma das
minhas vizinhas, imagine-se. Eu devo ser parecidíssima com toda a
gente que todos os dias coloca os pés na rua.
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