Monday, September 11, 2017

Quando a Toupeira atravessou a rua para cumprimentar um perfeito desconhecido

Por vezes, ser deficiente visual coloca-nos em situações no mínimo embaraçosas. O facto de não conseguir reconhecer as pessoas, especialmente quando estão do outro lado da rua pode ser uma delas. Quando vão do outro lado da rua...e vão de carro e eu a pé, ainda por cima.

Ia eu pela rua em direção à Baixa quando um carro me buzinou e parou do outro lado da rua. Perguntou-me se estava tudo bem. Eu disse que sim e perguntei quem era que falava comigo. Disse que era o Paulo. Julgando ser o Paulo Adriano, pois seria normal encontrá-lo em Coimbra, atravessei. Só no fim de cumprimentar o senhor é que constatei que não era ele. E agora? Como sair dessa? É que eu não estava a ver mesmo de onde conhecia o senhor ou se alguma vez na vida nos cruzámos?

Começou-me a perguntar se já tinha terminado os estudos. Oi? Então eu terminei os estudos...há dezasseis anos. Nunca mais voltei a estudar desde aí. Ele disse que tinha deixado de viver em Coimbra há bastantes anos. Se calhar os suficientes para ter perdido a noção dos anos a passar.

A certa altura, vinha pela estrada um autocarro. E eu ali. Que triste figura! Ainda por cima, se o condutor do autocarro tivesse a capacidade sobrenatural de conseguir ver pontos de interrogação e exclamação a pulsar à frente da minha cabeça, seria uma imagem memorável.


É que eu não estava mesmo a ver quem era aquele senhor. Isso mesmo eu lhe disse, que me estava a confundir com alguém. Ele disse que não mas eu, por mais voltas que dê à cabeça, não me consigo lembrar se alguma vez nos cruzámos sequer na rua antes.

Toupeira Dum Raio! Ah, uma vez houve também um indivíduo que me confundiu com uma das minhas vizinhas, imagine-se. Eu devo ser parecidíssima com toda a gente que todos os dias coloca os pés na rua.

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