É incrível o que se pode fazer e o que se pode sentir num
episódio de paralisia do sono quando já se sabe que esse episódio vai
acontecer. O que é imprevisível é mesmo onde esse fenómeno me pode levar.
Já por duas vezes tive experiências fora do corpo que estão
aqui narradas. Desta vez não aconteceu isso. Fui simplesmente colocada noutro
local diferente, tal como já aconteceu também.
Desta vez fui transportada para um sítio que não conhecia de
todo. Estava ali muita gente que se vestia de maneira muito diferente de nós.
Eu levitava por ali. Havia mais alguém a levitar também mas a maioria das
pessoas andava no chão.
As casas eram muito diferentes e as pessoas tinham aspecto
de serem de uma tribo qualquer ou algo assim. Era muita gente que envergava
umas vestes pretas com um capuz a cobrir-lhes as cabeças. Os braços e as pernas
estavam igualmente cobertos. Não dava para distinguir se eram homens ou
mulheres.
Uma coisa dava para perceber: mostravam todos um ar triste e
pesaroso. Aquilo seria um cortejo fúnebre? Não sei. Não tenho a certeza. Se
era, ou pertencia a uma outra era do nosso tempo, ou não pertencia a nenhuma
religião que eu conheça. Ninguém cantava. Ninguém rezava. Apenas seguiam em
silêncio todos em fila. Cada um trazia na mão uma flor branca já murcha, pois
parecia estar ali bastante calor.
Eu virei-me para o outro ser que também levitava. Tentei-o
apanhar com as minhas mãos. Parecia ser um homem de idade, apenas vestido com
uma fralda. Ao tentar apanhá-lo, reparei que ele não tinha matéria. Era um
espectro. A sua pele era muito branca, parecia cera.
Entretanto, lá em baixo, os capuzes pretos continuavam a desfilar.
Não vi corpo, não vi caixão. O que faziam?
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