Foi sempre uma correria. E eu estou a falar da noite de sonhos movimentados que tive. Andei sempre de um lado para o outro, sempre em transportes públicos e quase sempre na companhia das mesmas três pessoas.
Inicialmente, eu, uma amiga minha e o presidente da ACAPO de Coimbra viajávamos nuns comboios muito rudimentares parecidos com aquelas automotoras que há uns anos iam para a Lousã. A acompanhar-nos estava um jovem, também ele deficiente visual, que tinha a particularidade de ser filho de imigrantes de Leste.
A primeira viagem que fazemos os quatro é num dos comboios que acima descrevi. A carruagem estava bem composta de passageiros e nós sentámo-nos todos juntos. A certa altura, o revisor achou uma moeda de um euro no chão e perguntou de quem ela era. Eu pensava que era minha e meti-a ao bolso. Depois houve uma senhora vestida de forma excêntrica que viajava connosco na mesma carruagem que deu por falta de um euro. Eu entreguei-lhe a moeda que tinha recolhido.
Saímos desse comboio. Na estação só havia comboios desses. Eram assustadores e pareciam do tempo da pré-história. No regresso apanhámos outro comboio igual. Já era noite e a viagem foi vertiginosa devido à falta de estabilidade da composição nos carris. Foi também uma aventura, embora de pouca coisa me consiga lembrar para aqui colocar.
Eu gosto mais de autocarros, na vida real ou nos sonhos. Os autocarros apanhavam-se na mesma estação daqueles comboios, por incrível que pareça. Ali também havia carrinhas, tal como há nos SMTUC. Depreendi que essas carrinhas transportavam pessoas para aldeias pequenas com pouca procura de transportes.
Continuamos a confraternizar, a rir, a conversar, enquanto aguardávamos que o motorista regressasse. Devia estar na hora de ser rendido no turno por um colega. Enquanto isso, o autocarro era todo nosso.
Fomos os quatro lá para a frente. O nosso companheiro colocou a tocar música da sua terra natal e foi uma animação completa. Um motorista chegou e ficou a olhar para nós, naturalmente pensando: “mas que peixeirada vem a ser esta?”.
Com tudo isto, nem me tinha apercebido que tinha começado a chover. Eu, que devia sair poucas paragens mais à frente, decidi-me a pedir um bilhete de volta para Coimbra. A chover como estava, não me meteria a pé. A viagem não foi perdida, valeu pelo convívio.
O despertador tocou e houve mesmo que colocar pés ao caminho.
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