Tuesday, April 11, 2017

Vingando-se fazendo muito barulho

Há alturas em que somos acordados com barulho e, de tão baralhado que fica o nosso cérebro, sonho e vigília confundem-se, dando lugar a ideias e pensamentos completamente incoerentes.

Já era tarde naquela noite quando coloquei like na foto de alguém que muito me chateou um dia destes, mas que ficou sem resposta da minha parte, pois não estava para o aturar. Só depois de ter colocado like na foto é que coloquei a hipótese de, apesar de ser tarde, ele vir outra vez meter conversa comigo. Lá na terrinha dele é uma hora de diferença- mais tarde ainda. Só que há gente que não deve trabalhar e os livros servem para os professores estudarem neles, pelos vistos.

Mal coloquei like na foto dele, logo me vem o camarada enviar uma mensagem. Agora era tarde. Amanhã, se estivesse de bom humor, dava-lhe os bons dias...quando ele estivesse a dormir. Aqui trabalha-se, meu amigo!

Fui acordada com um barulho insuportável que vinha da rua. Não sei que horas eram. Era
um veículo que emitia um som tão insuportável, que não o consigo descrever. Não sei quanto tempo esteve por ali a fazer barulho. A mim pareceu-me uma eternidade. Estava furiosa. Nem estava acordada, nem a dormir. Enquanto aquele veículo fazia barulho, logo me veio à minha ideia deturpada pelo sono que quem ali estava fora era aquele jovem que veio de propósito fazendo aquela chinfrineira toda porque eu não lhe liguei nenhuma. Tal era impossível, pois ele está longe, claro. A menos que tivesse deixado o corpo a repousar e viesse em espírito importunar-me. Para o espírito não há fronteiras. Tal ideia também seria rebuscada demais.

Depois, mais a frio e um pouco mais desperta, pensei por várias vezes abrir a janela e mandar dois berros lá para baixo para dizer a quem lá andasse fora para parar com aquilo, que me estava a meter impressão e que não eram horas daquela barulheira toda. Vontade não me faltou. É que aquilo esteve uma eternidade na rua a fazer barulho. Não sei se era o carro do lixo…

Voltei a adormecer. Também parece ter passado uma eternidade entre esse incidente e o tocar do despertador.


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