E de repente, assim
vindas do nada, surgem-me umas memorias muito estranhas. Fragmentos
do meu passado que me assolam. Imagens que estavam guardadas lá bem
atrás e que eu tinha esquecido de todo e não percebo por que é que
o meu subconsciente ou lá o que é as vai desenterrar.
É curioso que isso
passou-me a acontecer...desde que eu trabalho. Um dia, falei deste
assunto a algumas pessoas que andam no Reiki e que percebem dessas
coisas estranhas da mente. Uma delas disse-me para eu apontar esses
episódios. Faço mais. Partilho-os aqui. Este e mais um.
Estas coisas
acontecem quando estou a desempenhar as minhas habituais tarefas e
sem aviso prévio. Num flash, sou transportada para fragmentos da
minha vida que já estavam arrumados algures e dos quais nunca mais
me lembrei. É o caso deste que achei curioso. Muitas das vezes,
estes episódios são acompanhados também pelos cheiros ou outras
sensações que senti na altura.
Este episódio
remonta a um tempo em que andava na escola primária. Há mais de
trinta anos, portanto. Como a minha aldeia é um local pequeno,
qualquer episódio assim fora do normal que aconteça, é um rebuliço
enorme. Nesse dia fomos para a escola e o assunto do dia era o
abandono do lar por parte de uma senhora da minha terra depois de uma
noite de desacatos. Ela ia pedir o divórcio. Foi a primeira vez, sem
dúvida, que ouvi falar em tal palavra e, provavelmente, por não
estarmos familiarizados com o tema por vivermos num meio muito
pequeno e por sermos ainda crianças, a nossa professora explicou-nos
o que era um divórcio. Era quando um casal se separava.
Nesse final de
tarde, depois de terminada a escola, a minha mãe resolveu ir “ao
lugar”. Como viuvemos fora da povoação, a minha mãe refere-se ao
facto de se deslocar para dentro do aglomerado de casas como “ir ao
lugar”.
Eu acompanhei a
minha mãe. Não me lembro se a minha irmã também foi. Obviamente
que não se falava de outra coisa, que não dessa separação. Não
sei como, talvez porque a minha mãe pertence também à raça humana
e a raça humana adora ir bisbilhotar um pouquito do que se passa na
vida dos outros, num rasgo de magia, vi-me no interior dessa casa que
agora mostrava um ar mesmo deprimente. De abandono total.
A imagem que me
assolou o cérebro foi a da arca congeladora completamente desprovida
de conteúdo. Invadiu-me as narinas aquele cheiro típico de
congelador.
Fiquei estupefacta
com a memória que o meu cérebro trouxe para a superfície. Ainda
hoje estou para saber a razão por que isto acontece.
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