Apesar de estar de
férias, há coisas que não me largam. Penso que estou descansada,
que deixei tudo em ordem e eis que, enquanto estou a banhos, alguém
me resolve importunar o meu merecido descanso. Quando essa pessoa for
de férias, havia de lhe fazer a mesma coisa. Aposto como terá todos
os telemóveis desligados. Aliás, havia ele de passar férias num
local muito inóspito, de preferência com a água cheia de
alforrecas, peixe-aranha e tubarões daqueles que não são nada
meigos.
Seja como for,
conseguiu irritar-me, apesar de eu não lhe ter devolvido a chamada.
Ouvir aquela sua voz só me ia enervar ainda mais do que ver o seu
número no ecrã do meu telemóvel.
De noite pouco
dormi. Acordei a soluçar e aliviada por estar deitada numa cama
confortável, cheirando a lavado. Nenhum indício de ter atendido nos
minutos antecedentes qualquer chamada telefónica.
Nessa tarde, estava
tão nervosa que parecia ouvir o meu telemóvel a tocar a todo o
instante. Pior. Pensava sempre que era ele para me importunar nas
minhas férias. Numa ocasião, levando eu a minha amiga Maria pelo
braço, cheguei a parar para verificar se o telemóvel tinha tocado.
À noite sonhei que
me tinham ligado várias vezes de um número que não conhecia. Das
primeiras vezes ignorei mesmo a chamada mas, dada a insistência,
acabei por atender. Era um tal de Senhor Júlio que eu não conhecia
e era o portador de más notícias. Tinha sido despedida porque
alguém tinha vindo fazer queixa de mim. Já sabendo quem teria sido,
logo a tristeza e a raiva se apoderaram de mim. As lágrimas
invadiram os meus olhos, tolhendo-me a visão. Estava mesmo cega de
raiva e de tristeza.
Ainda bem que
acordei!
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