Wednesday, July 26, 2017

Aquela chamada

Apesar de estar de férias, há coisas que não me largam. Penso que estou descansada, que deixei tudo em ordem e eis que, enquanto estou a banhos, alguém me resolve importunar o meu merecido descanso. Quando essa pessoa for de férias, havia de lhe fazer a mesma coisa. Aposto como terá todos os telemóveis desligados. Aliás, havia ele de passar férias num local muito inóspito, de preferência com a água cheia de alforrecas, peixe-aranha e tubarões daqueles que não são nada meigos.

Seja como for, conseguiu irritar-me, apesar de eu não lhe ter devolvido a chamada. Ouvir aquela sua voz só me ia enervar ainda mais do que ver o seu número no ecrã do meu telemóvel.

De noite pouco dormi. Acordei a soluçar e aliviada por estar deitada numa cama confortável, cheirando a lavado. Nenhum indício de ter atendido nos minutos antecedentes qualquer chamada telefónica.

Nessa tarde, estava tão nervosa que parecia ouvir o meu telemóvel a tocar a todo o instante. Pior. Pensava sempre que era ele para me importunar nas minhas férias. Numa ocasião, levando eu a minha amiga Maria pelo braço, cheguei a parar para verificar se o telemóvel tinha tocado.

À noite sonhei que me tinham ligado várias vezes de um número que não conhecia. Das primeiras vezes ignorei mesmo a chamada mas, dada a insistência, acabei por atender. Era um tal de Senhor Júlio que eu não conhecia e era o portador de más notícias. Tinha sido despedida porque alguém tinha vindo fazer queixa de mim. Já sabendo quem teria sido, logo a tristeza e a raiva se apoderaram de mim. As lágrimas invadiram os meus olhos, tolhendo-me a visão. Estava mesmo cega de raiva e de tristeza.

Ainda bem que acordei!

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