Alguns dias passados
sobre o incêndio mais mortífero que assolou Portugal, ainda custa a
acreditar que uma tragédia desta dimensão tenha acontecido. Triste
demais, hediondo demais, horrível demais.
Inicialmente, quando
no Domingo de manhã ouvia por alto as notícias, pensava que ainda
se estava a falar do também terrível incêndio de Londres que
aconteceu há uns dias e também provocou um elevado número de
vítimas. Dias depois, eis que o fogo ceifaria quase tantas vidas
junto à estrada, quantas as que pereceram entre quatro paredes de um
apartamento.
Hoje, alguns dias
passados sobre esta dolorosa tragédia, assisto às notícias e fico
boquiaberta com a rapidez com que o clima está a mudar em Portugal.
Fico preocupada com a possibilidade de ocorrerem fenómenos
meteorológicos invulgares como o que propagou este fogo em Pedrógão
Grande. Habituar-me a que a trovoada viesse quase sempre acompanhada
de chuva, não de ventos estranhos, com raios a cair em cima de
árvores, deitando o fogo a tudo à volta e apanhando as pessoas que
tentavam libertar-se das suas chamas e dos seus fumos nefastos.
Eu pensava que estes
fenómenos climatéricos extremos que ceifavam vidas só aconteciam
em outras paragens mais longínquas, normalmente nos Estados Unidos.
Agora nós estamos aqui, aparentemente em segurança em relação aos
crimes mais violentos e aos ataques terroristas mas a Natureza, de
forma silenciosa e imprevisível, teima em nos vir assassinar de
forma implacável. Não há como lutar contra ela. É mais forte do
que a Humanidade toda junta.
Hoje ouvi falar de
fenómenos atmosféricos dos quais nunca antes tivera conhecimento.
Certamente muitos portugueses também não. Sempre houve trovoadas.
Sempre caíram raios isolados. Lembro-me de uma ocasião em que vinha
da ESEC num final de tarde em que nem uma nuvem havia no Céu. Ao
entrar no meu quarto, ouviu-se um estrondo lá fora e ficámos sem
luz. Foi um raio isolado que caiu. Se eu demorava mais uns minutos,
sujeitava-me a levar com ele em cima.
Há dois anos também
a trovoada originou um incêndio na minha aldeia. A pronta
intervenção dos moradores que logo chamaram os bombeiros evitou o
pior.
Cada vez mais isto
tende a acontecer com mais frequência. Provavelmente um dia, não
muito distante, a Terra será um local inóspito para o Homem que
tanto negligenciou este planeta que habitamos. Talvez o inferno não
seja mito e seja aqui mesmo daqui a uns anos. A Natureza revolta-se,
o Homem é pequeno demais para a tentar dominar, para a travar, para
a controlar. Estamos de pés e mãos atadas.
Para a próxima
semana esperam-se intempéries para o nosso País. Isto não augura
nada de bom.
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