Roupa usada para pessoas verdadeiramente carenciadas economicamente

 

Sonhei que na ACAPO havia um grande carregamento de objetos usados, especialmente roupa e calçado. Não sei quem tinha mandado para lá aquelas coisas, inicialmente pensei que fosse a União de freguesias mas, mais á frente, vão ver que não será esse o caso. A coerência, como sabem, é coisa que não abunda nos sonhos.

 

Havia lá muita coisa. Eu tenho muita roupa mas estava interessada em peças de roupa específicas que não iriam dizer nada a muita gente mas que para mim eram necessárias. Estou a falar de roupa desportiva e, sobretudo, de calçado. Quem me conhece sabe que eu ando com um par de calçado até ele rebentar mesmo.

 

Então entram em cena as pessoas que, já se sabe, nestas andanças oníricas, acham que eu nem sequer tenho direito a respirar, quanto mais a ir buscar roupa ou  calçado. Alegavam essas alminhas que eu não era carenciada…

 

Então e as pessoas que têm telemóveis topo de gama e se fartam de comprar coisas? Eu, por outro lado, ando com  um telemóvel prestes a não receber mais atualizações e não compro calçado novo enquanto eu não derreter o que tenho em casa. Como é isso?

 

Na verdade, estava a ver todos os meus amigos e colegas a  precipitarem-se avidamente para o volumoso monte de roupa e de calçado, só eu é que não tinha permissão para chegar perto. Como era isso possível? Até pessoas com bons ordenados e uma vida laboral estabilizada lutavam por aquela peça de roupa especial. Eu, que sou reformada, ficava ali a fazer não sei o quê.

 

Então  chegou um amigo meu que também é cego com um enorme saco. Em vez de ir lá tirar, trocou a roupa dele por outra, deixando a que trazia. O problema é que aquilo era um saco de roupa suja. Conheci algumas peças de roupa dele que mãos sedentas de catar objetos já tinham misturado.

 

Eu disse-lhe que se me tivessem dito que era para trocar roupa eu tinha trazido alguma que tenho em casa e já não visto. Por que é que as pessoas são assim em sonhos para mim? Que prazer doentio, o de me massacrarem. De me tratarem de maneira diferente de todas as pessoas. Isso deixa-me completamente fora de mim nos sonhos.

 

Aproximei-me. Vi um par de sapatilhas que me podiam servir. De mansinho, tentei subtraí-lo para mim mas logo houve  alguém que me disse para as largar. Sinceramente, já me estava a passar com esta situação.