Depois de ter vindo
da praia, fui até casa dos meus pais onde estava agendada para
aquele domingo a festa de aniversário atrasado do meu pai. Dez dias
depois da data, festejou-se mais um aniversário com família e
amigos.
Como não podia
deixar de ser, o leitão à Bairrada assado no forno a lenha tinha de
fazer parte da ementa. O meu pai comprou um leitão vivo e colocou-o
num curral no nosso pátio para depois ser morto e assado.
Estava eu no meu
quarto a ler quando ouvi parar alguém na rua a dizer que tinha visto
passar na estrada em direção aos pinhais um leitão. Como eu só me
rio do mal- isso já todos sabem por aqui- logo se aflorou um largo
sorriso à minha face que rapidamente se tornou em gargalhada
compulsiva. O meu pai logo arrancou para o procurar. Eu pensei logo
que tinha sido o leitão que ele tinha ido buscar para a festa que
tinha fugido mas tal não aconteceu. A minha mãe disse que também
tinha ido ver e que o leitão estava no sítio onde tinha sido
colocado.
Só que, como se
costuma dizer, quem conta um conto, aumenta um ponto. A fuga do
leitão do meu pai era assunto por toda a aldeia. O meu vizinho
chegou à mercearia e não se falava de outra coisa, que o meu pai
tinha comprado um leitão para a festa de aniversário mas que o
tinha deixado fugir. O meu vizinho imediatamente arrancou para minha
casa. Tinha ficado de ajudar o meu pai a tratar do leitão, agora
urgia procurá-lo pelos campos fora, já que ele não tinha
aparecido.
Quando o meu vizinho
chegou a minha casa, o meu pai já preparava tudo o que era
necessário para preparar o leitão. O meu vizinho ficou confuso e
narrou tudo quanto tinha ouvido pelo lugar. A minha mãe também veio
do lugar com um largo sorriso nos lábios face às histórias que
inventavam. Algumas estavam repletas de imaginação. Corria uma
versão em que o leitão tinha fugido por um buraco no curral. Tinha
saído por detrás da casa virado aos pinhais. Noutra versão o
buraco já era no pátio. Depois ainda havia a versão rebuscada da
fuga do leitão...pelo portão da frente de casa dos meus pais que
está a precisar de ser substituído. Saía pela frente. E ninguém
dava conta? Essa era mesmo boa. De rir mesmo. Imagine-se a algazarra
que a cadela não fazia! E para chegar ao portão da frente, tinha de
ter saído pelo pátio.
Ao longo daquele
dia, houve assunto com que o pessoal da aldeia se pode entreter.
Alguns estavam convidados para a festa do meu pai e já pensavam em
alternativas para o almoço do dia seguinte, caso o leitão não
fosse encontrado.
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