Não sei dizer exactamente que horas eram mas sei que eram mais de duas da manhã porque já tinha acabado o Flash Dance na M80.
O meu telemóvel tocou com aquele toque não personalizado para números que não conheço. Saltei da cama como uma mola, com uma espécie de um choque eléctrico a percorrer o corpo e com o coração nas mãos. O que se teria passado para me estarem a ligar a uma hora daquelas?
Atendi com as mãos trémulas a agarrar desajeitadamente o telemóvel. Do outro lado atendeu uma voz masculina que sussurrava e, perante os meus gritos de “quem fala?” foi adiantando que fizesse pouco barulho, que estava a falar da casa de banho e não queria que ninguém ouvisse. Insisti.
Ele disse que se era o Pedro e eu perguntei o que se passava porque imediatamente me lembrei que fosse o meu vizinho e que se tivesse passado alguma coisa. Ainda estava algures entre a vigília e o sono.
Quando ele me chamou “tia” é que eu o informei que estava a ligar para o número errado e que não eram horas de acordar assim as pessoas. Ele pediu-me mil desculpas e desligou exclamando:
- “Ai que vergonha! Peço imensa desculpa por a ter acordado!”
Foi o suficiente para não dormir nada de jeito nessa noite. Tinha de me levantar bem cedo para a caminhada.
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