Quem acompanha como eu a novela do Canal 1 “Paixões Proibidas” assiste por estes dias ao drama de Adelaide.
Adelaide é uma jovem açoriana a viver em Coimbra com o seu marido Estêvão que via no seu colega brasileiro Manuel o seu melhor amigo. Acontece que Adelaide e Manuel se apaixonaram e mantêm um romance clandestino. Enquanto Estêvão se aplica nos estudos, os dois amantes perdem-se de amores nos braços um do outro.
Agora Adelaide descobriu que está grávida sem sequer saber qual dos homens é o pai da criança. Estêvão mostra-se contente com a vinda do novo rebento, mas Manuel- embora demonstre estar contente na frente da amada- planeia fazer algo para impedir que a criança nasça.
Para isso contratou um homem para provocar um aborto, empurrando Adelaide de uma escadaria.
Apesar de se tratar de ficção, o drama de Adelaide não deixa de ser actual e de chamar a atenção para a problemática do aborto ou da gravidez não desejada.
No dia do referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez não deixo de lembrar este caso para demonstrar que nem toda a mulher condenada no banco dos réus em Portugal desejou abortar por livre e espontânea vontade. Tal como Adelaide, muitas mulheres são obrigadas a fazê-lo por amantes ou mesmo maridos que não desejam que uma criança venha a caminho
Não sou a favor do aborto, apenas sou contra a condenação em praça pública das mulheres que a ele recorreram sabe-se lá em que circunstâncias.
Despenalizar o aborto nem sequer deveria ser referendado porque a mulher é a única culpada no nosso País caso se comprove que abortou e muitas vezes foi ela a última a querer fazê-lo. Para os presumíveis pais das crianças que ameaçam, maltratam e oprimem não há castigo.
Infelizmente ainda continua a haver por aí muitas Adelaides às mãos de Manéis implacáveis que só lhes desgraçam a vida e as impedem de realizar o seu sonho de ser mãe.
Votei não ao aborto, mas apenas e só porque não admito que a sua prática seja massiva. Se fosse apenas e só para acabar com a pouca vergonha de ver criaturas inocentes serem julgadas na praça pública, a minha intenção de voto seria outra.
O Governo agiu mal ao formular a pergunta a ser referendada.
E chegou finalmente (já não era sem tempo para ver se há sossego) o dia do tão polémico referendo ao aborto.
A chuva prometia estragar a afluência às urnas. Já lá vamos!
Antes há a assinalar uma sempre bem-vinda actualização a este blog. Por mais que eu actualize o meu blog, ele está sempre desactualizado. Já não tem remédio e tende cada vez mais a piorar.
O gato Mong fez as pazes comigo mas declarou guerra aberta ao Léo. Chovia imenso e Mong não teve alternativa senão vir abrigar-se em casa.
E foi debaixo de um dilúvio de proporções bíblicas que fomos cumprir o nosso dever cívico. Fomos com o nosso vizinho que ainda tinha de ir levar a minha irmã à estação dos comboios.
Quando saí do local das votações encontrei algumas pessoas que não via há tempo. È habitual haver assim uns encontros nessas ocasiões em que o País vai a votos.
Eu nem quis saber do referendo para nada. Refugiei-me no meu canto a “actualizar” o blog. Entretanto a chuva não parava de cair.
Vim a saber inevitavelmente que o sim havia ganho. Se a pergunta estivesse formulada de outra maneira, tenho a certeza que não se iria assistir a este resultado. O sim ganhou precisamente porque os portugueses estão fartos de ver mulheres condenadas de forma escandalosa e desumana.
Fica para a história um acto eleitoral com uma das menores afluências de sempre. Não se deve esquecer que chovia torrencialmente.
Situação do dia:
O tempo que eu perco a procurar as minhas coisas! Consta que andei um bom pedaço a procurar os óculos.
Bacorada do dia:
“Menu ficheiro, Novo, Copiar...” (Nem todos os sistemas operativos são iguais.)
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